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Este blog foi criado essencialmente criado para contar os episódios desta fase da minha vida. Tenho tantos familiares e amigos a quererem saber como descobri que estava doente e como estou no momento presente, que decidi contar tudo aqui, neste espaço, etapa por etapa, dia a dia.

Dia 40 - 29 de Setembro

O cansaço ainda é muito grande, dormi até tarde, tenho essa necessidade. Depois levantei-me e vegetei pela casa, sem fazer grande coisa. À tarde é tempo de ir ao cirurgião, mas a verdade é que não sei onde arranjo forças para o fazer, hão-de surgir de algum lado. Deus vai ajudar-me ,também nisto. E assim fui à tarde, tive 3 horas inteirinhas no consultório à espera de ser atendida. Por fim, lá fui recebida. Sempre preocupado em saber como tinha sido o 2º ciclo de quimioterapia, conversei um pouco com ele, viu a cicatriz, diz que não está totalmente cicatrizada, mas a continuar assim para eu ir lá no fim da próxima semana. Se drenar terei que mudar o penso, caso contrário não é necessário.
Cheguei a casa exausta, dei de comida aos meus filhos e a mim, ainda tive de ajudar a fazer os TPC do Gonçalo, mas quando eram 9.30 estava na cama, com um Lexotan, entretanto tomado, preciso de dormir uma noite inteira bem sem acordar e ficar horas sem conseguir adormecer. A assim foi. Quando o Eduardo chegou já o sono reinava cá em casa.

Dia seguinte - 28 de Setembro

A fraqueza continua, mas fazendo um esforço enorme para me alimentar muito bem, como muitos espinafres, beterraba, sumos de fruta, carne e peixe, arroz ou massas, pão, queijo, leite, etc. Só não consigo ainda tomar o café, enjoei, aliás como da outra vez. Dormi até tarde, o repouso também é muito importante para recuperar forças, e por isso todos os bocadinhos estico-me.
Não tenho referido, mas a verdade é que não passa um dia, que eu não receba pelo menos 6 telefonemas, mensagens de e-mail, sms, etc, de pessoas que me apoiam. Às vezes são em simultâneo que se torna difícil responder a todos ao mesmo tempo.

Dias seguintes - 25, 26 e 27 de Setembro

É fácil resumir estes dias, porque passo o dia quase todo na cama, o meu corpo não tem força para fazer nada, à excepção de ir à casa de banho e comer, isso é fundamental, porque tenho a consciência que se me alimentar bem, rapidamente recupero do tratamento. A cabeça também teve sempre muito tonta é uma espécie de dor de cabeça, mas é diferente, não se consegue ver televisão, fala-se pouco, porque até falar custa, tem-se uma sede constante, os lábios sempre secos, o corpo fica ligeiramente febril, pelo menos na sexta-feira, cheguei a ter 37º. Tenho que ir medindo, porque aos 38º tenho que tomar Benuron e rumar ao hospital.
Esqueci-me no texto de ontem dar-vos o nome do comprimido que me tirou os vómitos: Emend ( princípio activo Aprepitant). É mesmo específico para quem faz QT.
Entretanto, no sábado tive a visita da Isabel Saraiva e no Domingo , a minha prima Sara, fez-me o favor da vir ver como estava a minha cicatriz. Parece estar calma sem drenar, vamos ver o que o cirurgião acha na Terça-feira.
Estou tão bem no meu novo visual caseiro de careca ( quando estou sozinha é óbvio) que já me aconteceu 2 vezes, baterem à porta e eu esquecer-me de que estou sem lenço. Faço-o naturalmente, sem pensar, mas tenho de ter cuidado, porque há pessoas que ficam chocadas. Claro não é fácil viver sem o nosso cabelo, mas adaptei-me, é um mal menor e temporário.
De resto os meus filhos passaram o fim-de-semana nos meus pais, ainda por cima estavam doentes, mas foi melhor para eles e para mim. No Domingo à tarde quando chegaram, ainda ajudei o Gonçalo acabar um trabalho de casa, querem sempre a mãe para os acompanhar em tudo e em especial nos deveres da escola, por isso é que fico tão preocupada com a minha recuperação, crianças nestas idades precisam da mãe a tempo inteiro.

Dia 39 - 24 de Setembro

Eram 9.15 quando o Eduardo me deixou no HSM para mais uma sessão de tratamento. Dirige-me de imediato às enfermeiras para dar o meu nome, recebi 3 comprimidos, um para tomar de imediato e os outros nos dois dias a seguir. Fui comprar uma revista, sentei-me à espera da minha vez, calma e serena, li a revista quase toda enquanto esperei, até às 11.00. Entrei deram-me o tratamento, demora cerca de 1. 45 minutos. Lá conversei com algumas colegas de doença, é um ambiente muito depressivo. Os meus pais trouxeram-me para casa, almoçei e segui um conselho de alguém que já passou pelo mesmo, e já viu passar outros familiares, deitar-me logo a seguir ao tratamento e assim o fiz. Passado meia hora já estava cheia de cólicas, e que demoram cerca de 2 horas, depois vem a fase do enjoo e das tentativas de vómito, mas desta vez com o remédio milagroso que me deram, resisti aos vómitos, mas sempre muito nauseada. Toda a tarde e toda a noite na cama, foi assim o meu dia.

Dia 38 - 23 de Setembro

Mais um dia no meu percurso, com ida ao HSM. De manhã voltei a deixar uma mensagem ao cirurgião, a dizer que parecia que a cicatriz drena menos, mas que não consigo ver bem porque tem os pensos de cicatrização por baixo, como é que mudo o penso se em principio faço quimio amanhã. Não me respondeu à minha mensagem. Eram quase 14h quando cheguei ao HSM, fui fazer análises em apenas 5 minutos, e ainda falam mal do SNS, não há que dizer nada neste ponto. Depois rumei à oncologia, fui atendida talvez 45 minutos depois, a médica quis ver o penso, lá lhe disse que estava a drenar menos, mas que ainda drenava, perguntei-lhe mais umas coisas, sobretudo se faria sentido tirar os ovários em face da doença, disse-me que com a minha idade não se colocaria essa hipotese. Pedi-lhe o relatório médico para efeitos de junta médica, dei-lhe o endereço do meu blog. Ficou de conversar com o Dr. Santos Costa. Saída do HSM, telefonei logo ao Dr. Santos Costa. Atendeu-me, disse-lhe que iria fazer tratamento amanhã, e perguntei-lhe quando teria de ir ao seu consultório. Ele disse-me que assim que eu me sentisse bem, que aparecesse por lá. Estes meus médicos são o máximo. O Dr. Santos Costa tem sido incansável no atendimento telefónico e no consultório. A Dra. Joana é impecável, depois de falar com o cirurgião, ligou-me a confirmar a conversa e a terapêutica.
Amanhã já sabem é um dia difícil. Vamos ver como reajo. Se não colocar novidades, é porque não estou em estado disso. Se não atender aos telefonemas, perdoem-me porque com vómitos e náuseas é difícil. Os que acreditam em Deus, rezem por mim, para que os efeitos do ciclo não sejam tão grandes como da primeira vez e para que eu fique curada.

Dia 37 - 22 de Setembro

Dia normal sem sobressaltos, liguei ao médico pelas 11 horas da manhã, e lá me disse para eu mudar o penso, não precisa de me ver hoje, que alívio, estou farta de idas ao médico e para lhe ir dando notícias do evoluir da drenagem. Perguntei-lhe ainda se a minha médica necessitar de falar com ele, se me autoriza a dar o seu telemóvel. Respondeu afirmativamente.
Ainda de manhã, tratei de um assunto importante, saber se no HSM, haveria alguma comparticipação para as cabeleiras, de facto existe esse apoio, mas não é mediante apresentação de factura, ou seja depois da compra da cabeleira, como eu fiz, mas sim antes. Deveria ter indagado junto da médica, e face a essa necessidade, seria enviado para um departamento do hospital, que posteriormente me chamaria para escolher a cabeleira, num dos seus fornecedores. Assim, se alguém tiver nesta situação, informe-se antes de comprar, não faça como eu. Agora resta-me guardar a factura para apresentar em sede da IRS.
Hoje fiquei o dia quase todo por casa, para ver se isto cicatriza com maior velocidade.

Dia 36 - 21 de Setembro

Lá fui eu direitinha ao IPO, logo pela manhã. Os meus pais, como sempre acompanharam-me. Estive à espera e ,por fim, o cirurgião lá me tratou do meu problema. Verifiquei quando tirou o penso, que em vez de dois pontos de drenagem, como acontecia no sábado, só tinha um, o outro já está em cicatrização. Colocou-me um penso muito fino que ajuda na cicatrização. Lá tivemos a conversar e eu perguntei-lhe directamente se era possível fazer o tratamento de quimio na próxima quinta-feira. Lá lhe expliquei as minhas relutâncias em adiá-lo mais uma vez. Ele disse vamos ver, amanhã telefone-me.
Ao fim da tarde liguei para a minha médica do HSM, expliquei-lhe o sucedido e ela diz que na quarta-feira vai observar-me, mas não lhe parece que seja necessário adiar mais uma vez o tratamento. Vamos ver e esperar com calma. É preciso é que eu consiga.

Dia seguinte - 20 de Setembro

Depois de ontem ter passado um dia mau, hoje estou mais animada, ainda que não haja grandes razões evidentes para isso. Saí, fui passear, almoçar fora, e casa de uns amigos, sempre com a família. Foi agradável, tive bem disposta. Parece que o peito não drena tanto, mas vamos ver amanhã no IPO, onde vou ter com o cirurgião.

Dia 35 - 19 de Setembro

Hoje foi um dia mau, depois da verificação de ontem do peito a drenar novamente, acordei novamente com o penso sujo. De manhã liguei para a minha prima que é enfermeira, combinei que à noite passaria lá em casa para fazer o penso. Entretanto, também deixei um recado no telemóvel do médico, que me respondeu passada meia hora. Disse-me para fazer o penso apenas e não fazer mais nada e se conseguir drenar o peito um pouco óptimo. Muito a custo lá passei o dia a pensar no mesmo, que a quimioterapia fica novamente atrasada e que esta situação é complicada de gerir, porque necessito da quimioterapia " como pão para a boca". Tive todo o dia em casa. À noite lá fui a casa da minha prima, estive distraída e tanto ela como o marido, que é médico, estiveram a ver o meu peito e segundo ele, eu devo insistir com o cirurgião na necessidade de não atrasar o tratamento, mesmo que os pontos não cicatrizem e devo falar com o médico nesse sentido. Ele diz que a quantidade de liquido que o meu peito drena é muito pequena e como tal é perfeitamente possível realizar a quimio com os pontos desta forma.

Dia 34 - 18 de Setembro

Pois é ontem parecia que ia ser um dia calmo, mas já estou a começar ficar habituada a surpresas desagradáveis. Mais uma vez a minha cicatriz está a dar mais trabalho, reiniciou a drenagem, pelos pontos mais antigos. Já estou desesperada, porque eram 21.00 quando dei por isso, tentei falar com o médico, mas por azar já tinha saído às 19.00. Deixei-lhe um recado mas ainda não respondeu. Estou a ver a minha vida a andar para trás, ou seja, se a cicatriz não estiver bem não posso fazer o tratamento na próxima semana. Estou bem aborrecida.

Dia 33 - 17 de Setembro de 2009

Hoje mais uma vez foi dia de análises e consulta de oncologia. De manhã depois de deixar os meus filhos no colégio, fui directa ao HSM. O trânsito em Lisboa voltou a estar insuportável, demorei mais a lá chegar do que a tirar as análises e a voltar. Depois tomei o pequeno-almoço num café à entrada do hospital. Hoje, pela primeira vez, consegui colocar a máscara no hospital e não a tirar o tempo todo, enquanto permaneci no interior do hospital.
À tarde foi tempo de voltar ao HSM para a consulta, tive desde as 14.00 às 18.00. Como calculava não vou fazer tratamento esta semana, fica para a próxima quinta-feira. Mas esclareci algumas dúvidas que tinha, como por exemplo: posso comer fruta crua com casca e saladas, pelo menos em casa, a médica não me deixa associar um medicamento homeopático para retirar os efeitos da quimioterapia, da próxima vez vai-me administrar um medicamento mais poderoso contra o enjoo, não posso fazer ginástica, não devo beber bebidas alcoólicas, etc. A notícia mais importante, foi a da anatomia patológica, está confirmado que o tumor reage positivamente aos estrogénios (ainda que seja um positivo fraco) mas permite fazer terapia hormonal. Este resultado, confirma o resultado obtido no laboratório em França e desmente o do médico patologista que esteve na cirurgia. É estranho, mas é a verdade.
Por último, queria só dizer que estou bem, por enquanto e se a cicatriz não me voltar a aborrecer. Até lá conto com todo o apoio.

Mensagem recebidas

Subject: New Look

Isabelinha: Parece toda glamorosa com o novo look. Já se sabe que a
quimioterapia faz cair os cabelos, e faz sofrer um bom bocado. Se tudo
correr bem o mau vai passar, e os cabelos voltam melhores de que
nunca- La no IPO vi muita rapariga nova com o lençinho na cabeça mas
de cara alegre (pelo menos no exterior). Desejo-lhe que saiba vencer
a tendencia para cair um pouco no lado morbido e que reencontre o
sentido de humor e uma forte vontade de sobrepor estas provações que a
vida lhe
destinou, para bem de todos - de si, do marido e dos filhos.
Bjs - Janet
Esta mensagem é especial, é de uma amiga da minha madrinha, que me conhece desde que eu nasci e que tem sido incansável no apoio que me tem dado. Acho que a mensagem está fantástica

Dia 32 - 16 de Setembro

Hoje começaram as aulas dos meus filhos, apesar de não ter entrado na escola pelas razões evidentes que se relacionam com a minha doença ( precauções com a Gripe A) fui lá levá-los de carro e ajudei-os a preparar a saída em casa, pequeno-almoço, mochilas, etc . Tenho muita pena de não estar OK para poder fazer tudo aquilo que fazia, porque, neste caso, desde sempre fui eu que os acompanhei no primeiro dia de aulas do ano lectivo, mas foi o pai com eles o que é exactamente igual. Perto da hora de almoço tive cá em casa a minha prima Sara, que veio fazer o penso. Pedi-lhe, porque o meu médico pouco desinfecta os pontos, faz-me uma certa confusão, mas a Sara diz que são " modas novas" dos médicos, são alérgicos a Betadine e a compressas. De seguida fui à escola, o Francisco sai às 13.30, já cá estava fora, como lhe pedi, para evitar que eu entre na escola. Fomos para casa almoçar, a Sara também ficou connosco, e a seguir apareceram os meus pais que levaram o Francisco ao Hospital da Luz para fazer uma ecografia renal e vesical. Também não fui, fui aconselhada a evitar ao máximo ambientes hospitalares.
De seguida chegou o Gonçalo da escola e fomos ao Ténis ao fim da tarde. Ontem foi um dia de muitos telefonemas por causa do meu novo visual. Quando cheguei a casa, perguntei aos meus filhos se podia tirar a cabeleira para colocar um lenço. Disseram logo que sim, e gostaram muito de me ver com lenço, pelo menos em casa vai ser assim. Os miúdos estão por enquanto a reagir bem, porque eu também tento estar bem.

Dia 31 - 15 de Setembro


Hoje acordei e não aguentei as centenas de cabelos caídos na almofada, na camisa de dormir, no pescoço, basta passar a mão, sem puxar ,para virem agarrados uma quantidade enorme dos mesmos. Eram 9.30 e já estava no cabeleireiro para rapar o cabelo. Um episódio de ontem à noite, o meu filho Gonçalo descobriu que me estavam a cair muitos cabelos, viu no sofá da sala, e disse para o Francisco, já viste que está cair tanto cabelo à mãe, mas como se fosse um acontecimento bom, são tão engraçadas as crianças, não vêem mal nas mesmas coisas que os adultos, que se conservem assim, porque eles sabem que o cabelo da mãe depois voltará.
Saí do cabeleireiro, com um visual novo, aqui vai uma fotografia. De seguida cheguei a casa com o meu novo look. Os miúdos já tinham visto e aceitaram bem e o Eduardo também. O Francisco queria por força saber de que tamanho estava o cabelo da mãe, lá lhe disse que estava muito rapado, sem dar grandes pormenores. Fomos almoçar fora, e logo no 1º dia do novo look encontrei a minha amiga Teresa, que pensava que eu tinha pintado o cabelo e a seguir a Isabel, minha colega de emprego, sempre bem disposta e muito simpática. De seguida foi tempo de ir mais uma vez ao cirurgião. Parece que os pontos estão bons, mas ainda não são para tirar, lá me tirou mais uma seringa de líquido, mas nem sequer foi cheia. Fico à espera dos vossos comentários.

Dia 30 - 14 de Setembro

Já passaram 30 dias desde que tudo começou, ou seja 30 dias em que houve qualquer coisa relacionada com a doença, que vos tinha de contar. E hoje, com todas estas complicações com a minha cicatriz, mais uma. De manhã lavei o cabelo, depois de o ter cortado na sexta-feira. É impressionante a quantidade de cabelo que cai na lavagem. Mas se pensam que estou careca, ainda não, mas deve faltar pouco. Tento ao máximo, estar bem perante os meus filhos mas na realidade não estou bem hoje. Cheguei ao IPO eram 11.10 e saí de lá pelo 12.15. Claro levei mais um ponto, junto a um buraco que havia no fim da cicatriz que o médico tinha deixado para drenar. Vamos ver se agora não drena. É um ponto de interrogação para logo à noite ou amanhã de manhã se constatar. Amanhã será mais um dia na longa história, porque vou ao consultório do Dr. Santos Costa.

Dia 29 - 13 de Setembro

Parecia que o fim-de semana ia correr bem, altas eram as minhas expectativas. Às 7.00 da manhã de Domingo, acordei outra vez com o penso cheio de sangue. Pronto foi o suficiente, para não dormir mais, chorar e correr para a farmácia de serviço eram 9.00 da manhã. Acabei por ir parar a Oliveira do Hospital, ao Centro de Saúde, onde o Eduardo foi averiguar se me faziam o penso. Foram bem simpáticos, mesmo sem o cartão de utente aceitaram fazer-me o penso. O meu medo era que um dos pontos tivesse rebentado, mas não, foi apenas a parte final da cicatriz que começou a drenar, o cirurgião tinha deixado este espaço para isso, mas não me disse nada. Enfim o fim-de-semana acabou mal e rápido, porque em vez de regressarmos a casa na segunda,teriamos de regressar hoje ao fim do dia para amanhã ir ao IPO ter com o médico. Para além disto, o cabelo cai a um ritmo impressionante, a sensação de dor no couro cabeludo é insuportável, até a cabeça na almofada deitada me doi. Peço para que não me liguem, hoje( dia 14) não me apetece mesmo falar com ninguém.

Dia seguinte - 12 de Setembro

Pois é fui para fora, para perto da Serra da Estrela, mais concretamente Aldeia das Dez. Chegámos perto das 15.00, e ficámos por lá a descansar. O Miguel e a Teresa já lá estavam à nossa espera. O dia correu bem, à noite lá se fez uma patuscada no apartamento alugado, demos uma volta a pé. É sempre agradável o convívio entre amigos.

Dia 28 - 11 de Setembro


Aqui estou eu para descrever mais um dia. De manhã foi tempo de cumprir uma promessa aos meus filhos, ir ao Jardim Zoológico. Há vários meses o pedido andava no ar, hoje foi tempo de promessa cumprida. Levei também comigo a Inês a Leonor. Divertiram-se e eu também.
À tarde, no entanto, importava tomar uma medida. Desde ontem ao fim do dia que sinto uma sensação de couro cabeludo irritado, parece que quando toco, me estão arrancar os cabelos e de facto estão a cair com maior intensidade. É preciso agir depressa, marcar cabeleireiro, cortar curtinho, para não sentir a queda. Assim o fiz durante a tarde. Vou colocar uma foto para verem o meu novo e provisório visual. Nos próximos dias, até dia 14 não colocarei qualquer texto vou estar fora, preciso de me distrair. Depois trarei umas fotografias para verem onde estive.

Dia 27 - 10 de Setembro

Cá estou para mais um dia no médico. Hoje foi dia de ter cá em casa as filhas da minha amiga Isabel, Inês e Leonor. Os miúdos tiveram muito entretidos e divertidos. É bom poder fazer destas coisas. Ou seja a trabalhar na nossa rotina diária, não temos tempo para fazer destas pausas e estar com os nossos filhos, mas sobretudo com os filhos dos nossos amigos. Foi óptimo.
À tarde foi tempo de ir ao cirurgião, ver como estão os pontos da última segunda feira. Lá me fez o penso, confirmei que foram 5 pontos, mas ainda estão muito frescos. O médico é sempre uma simpatia. Na próxima segunda ou terça lá irei novamente. Pode ser que me engane mas tenho um feeling de que o tratamento deve ser adiado.
Tento ao máximo não pensar na minha doença, ou pelo menos tentar fazer a minha vida dentro da maior normalidade possível. A maior parte das pessoas que liga e são muitas, felizmente, dão-me bastante animo, mas a verdade é que eu sou positiva, por natureza e estou, por enquanto, muito bem psicologicamente. Vou tentar aguentar-me sempre assim, com a ajuda de todos, ou pelo menos de quase todos. Para aqueles para quem eu apenas sou um número, com esses eu não conto. Conto sim com os muitos amigos, familiares e mesmo desconhecidos que me têem acompanhado e me apoiam.

Dias seguintes - 8 e 9 de Setembro

Dias normais, mal dormidos, sem posição na cama, uma vez que tenho novamente pontos. De resto voltei à minha vida normal, dentro do possível e sabendo que tenho de conviver com a doença. Agora o que me preocupa é se estes pontos vão cicatrizar como deve ser ,para o próximo tratamento de quimioterapia ser feito na data prevista. A minha amiga lá foi operada, parece que correu bem, mas amanhã dia 10 já saberei mais qualquer coisa.

Dia especial amanhã - 9 de Setembro

Amanhã é um dia especial, peço a todos que leêm o meu blog para "rezarem" ou pensarem na minha amiga Gabriela que vai ser operada à mesma doença que eu. Quantos mais pensarmos nela, mais força ela terá e depressa vai ficar boa. Um beijo muito grande para ela porque esta amiga é especial.

Dia 26 - 7 de Setembro

Hoje foi um dia horrível. Acordei logo de manhã com uma mancha de sangue na camisa dormir e no lençol, sinal de que a cicatriz está pior. Telefonei logo de manhã para o meu cirurgião. Deixei recado como habitualmente. Aguardei uma chamada mas não aconteceu. Entretanto, a cicatriz continuava a sangrar, tanto que no início da tarde tive de ir à farmácia comprar compressas. Às 15h já estava a ligar novamente ao médico.
Entretanto, ia mudando as compressas, e fazendo a minha vida em casa. Quando me preparava para sair com os miúdos para o ténis, telefonou-me o meu médico. Lá me pediu para ir à Clínica da Reboleira. Eram aproximadamente 18h quando ali cheguei. Só fui atendida perto das 20h. Quando o médico tirou o penso, tinha um buraco. Teve de me cozer, novamente com uma pequena anestesia local, mas doeu-me. E saí ainda com dores.
De facto, não me faltava mais nada, só agora mais isto, para complicar um pouco mais. Já estou habituada, parece que as complicações são atraídas por mim, mas não é agradável, sobretudo se isto atrasar o próximo ciclo de quimioterapia, que acho que será o mais provável.

Dias seguintes - 5 e 6 Setembro

Este fim-de-semana é especial, chegaram os meus filhos. No sábado descansei e passeei, preocupa-me apenas a cicatriz que voltou a sangrar no sábado. No Sábado à noite, lá fui esperar os meus filhos, chegaram cheios de mimos e bem dispostos. O Domingo foi um dia de arrumações, tive de descansar várias vezes para conseguir arrumar tudo. Mas já está feito. Ainda fomos ao Parque das Conchas, apareceram as filhas da Isabel S. a própria e o Nuno e os meus pais. lá tivémos a conversar. Por alguns momentos, horas, até me esqueço que estou doente, mas quando volto a lembrar-me não é nada agradável. Mas tento distrair-me ao máximo.

Dia 25 - 4 de Setembro

Hoje fazem anos a minhã mãe, a Gabriela, em vesperas da sua operação, desejo-lhe tudo de bom, e a minha amiga Belinha.
Iniciei o dia como tantos outros, pequeno-almoço, antibiótico, gelo no peito, li um pouco, arranjo-me e fico por casa. Tenho alguma resistência a sair, acabo por ficar em casa, às vezes sem fazer nada de concreto. Vou atendendo os telefonemas dos muitos amigos que me vão telefonando. Chega a hora do almoço, sempre com muito apetite.
À tarde foi tempo de rumar ao consultório do Dr. Santos Costa. Lá esperei um pouco, encontrei a Isabel Silva, estava também a fazer um exame, mas está tudo bem. Enquanto esperava, percebi algumas movimentações que pareciam anormais. Estava uma senhora também à espera de entrar para o consultório, com um lenço na cabeça, o que indicava que estava a fazer a quimioterapia. Mas pelos vistos, debaixo do braço os gânglios tinham inchado, e ela teria de ser operada novamente de urgência. Dizia ela para alguém, que é um caso muito raro, segundo o médico. Enfim, estar doente e andar nos hospitais e consultórios dá destas coisas, vimos a saber de muitos casos. Tive pena dela.
Depois entrei eu, lá me teve a drenar o peito, cada vez me custa mais, mas tem de ser. É cada agulha que ele espeta, que até faz impressão.
De seguida, eu a minha mãe fomos até à Baixa, fazer umas comprinhas, é a primeira vez, desde há muito. Depois fomos para casa da Nónó e de lá seguimos para o restaurante, para jantarmos os 4, os meus pais, a Nónó e eu. O Eduardo como vem sendo hábito à Sexta- feira, sai sempre muito tarde.

Comentário de um amigo brasileiro

Prezada amiga
Isabel era o nome de minha vovó e Isabela o nome de minha filha. Era também o nome da filha de nosso último Imperador D. Pedro II, Isabel a Redentora, que assinou a Lei Aurea, extinguindo a escravatura no Brasil, em 1888. Para mim Isabel é um nome sagrado, nome de quem tem dignidade destacada, de quem é benevolente e que merece proteção divina especial. Peço a Deus que a proteja e que lhe delegue missões de grande importância no por vir. Quero acreditar que a senhora está apenas passando por um acidente de percurso e que em breve estará liberada para retornar à rotina. Mas, com a experiência deste período de enfermidade sua sabedoria está sendo magnificada. Isto, por si só já lhe outorga credenciais para ajudar pessoas, podendo extender-lhes conforto moral e orientação. Pense muito em como fazê-lo, elabore lentamente um plano de ação. Oro pela sua breve reabilitação, augurando-lhe anos felizes pela frente.
De um amigo brasileiro, Walter Taveira.
Não conheço pessoalmente este senhor, mas é primo da Ana Taveira, que muito me tem apoiado com as suas mensagens. Gostava de um dia o conhecer. Pode ser que no futuro nos encontremos uma dia nos Açores.

Dia seguinte - 3 de Setembro

Mais um dia em marcha para a recuperação. Finalmente, a minha empregada chegou de férias e eu de manhã tive duas reuniões com os professores dos meus filhos, para lhes explicar o sucedido e informá-los das interrogações que tenho em relação ao ano lectivo, sobretudo para o meu filho mais velho. Falei-lhes também das minhas preocupações com a Gripe A e as precauções a tomar no meu caso, se aparecer algum caso na escola. A Ana Rita, professora do Gonçalo, que já conheço melhor, foi de uma solidariedade ímpar. Outra coisa não seria de esperar dela, porque é de facto uma pessoa excepcional a todos os níveis. O prof. Simão, que conheço à menos tempo, também me pareceu solidário com as minhas preocupações, mas é natural ser mais reservado, não me conheçe tão bem. Enfim, conto com todo o apoio deles. No final das reuniões vim para casa a pé, pelo Parque das Conchas. Grande Aventura! Claro que tive de descansar pelo meio. Mas hoje é 1º dia, desde o tratamento, já faz uma semana, em que me sinto bem. Como de tudo ,à excepção de saladas ( não se deve enquanto se faz quimioterapia) e café continua-me a enjoar.
À tarde fui tratar da minha "vidinha": correio, livros escolares, talho, etc. Afazeres de uma mãe e "dona de casa"

Dia 24 - 2 de Setembro

Ontem foi dia de ir ao médico, mais concretamente ao Centro de Saúde, renovar a baixa médica. Tanto a minha médica, como a minha prima Sara, que é enfermeira, aconselharam-me a a usar máscara. Mas quem é que consegue utilizar a máscara, parece que fico com falta de ar. É muito complicado. Para entrar, ainda fiz uma primeira tentativa, mas por fim acabei por tirar.
Lá fui atendida e vi a baixa renovada. De seguida ainda fui ao Pingo Doce, para comprar alguns alimentos, mas passados 5 minutos no supermercado já a minha cabeça andava pelos ares. Disse para a minha mãe, tenho de ir imediatamente para casa, comer e descansar. E assim o fiz. No final da tarde ainda fui tratar das actividades físicas dos meus filhos, nomeadamente do Ténis. Já está agendado para começar na próxima Segunda-feira.
De resto, continuo fraca, mas com enorme apetite, o que é bom.
Estranho que os meus leitores não façam comentários e perguntas.

Dia 23 - 1 de Setembro

Hoje é dia de muitos afazeres, apesar de ter acordado muito tarde, continuo com muito sono, tive de ligar para a escola dos meus filhos, marcar reuniões com os professores, para explicar a minha situação e os cuidados que peço à escola em relação à gripe A, para que os meus filhos não tragam a gripe A para casa.
Os meus pais foram ao Hospital da Luz e ao HSM para transportar a peça da operação. E quando eram perto das 17.00 fomos ao consultório do Dr. Santos Costa. Esperei um pouco, mas acabei por pedir à sua assistente que não fosse muito demorada a espera, tenho a cabeça muito tonta da quimioterapia, começo a ficar zonza e cansada e só me apetece ir para casa. Este é o primeiro dia que saio para a rua desde que fiz a quimioterapia. O médico teve a fazer a drenagem do peito, e mandou-me tomar antibiótico. Na sexta-feira volto ao seu consultório.
Hoje, como todos os dias falo com os meus filhos. O Francisco perguntou-me se já me estava a cair o cabelo? Eu disse-lhe a verdade, que não ( para aqueles que não sabem) na verdade ainda não sinto o cabelo mais fraco). E perguntou-me se eu continuava a vomitar? Também lhe disse que não, já tinha passado, que a mãe ainda estava fraca, mas que logo, logo estava mais forte.

Dia seguinte - 31 de Agosto

De madrugada fui supreendida com um pouco de sangue no soutien, na zona da cicatriz da cirurgia. Fiquei preocupada, pelo que logo de manhã apesar das forças ainda serem poucas ,era preciso agir. Liguei para a Clínica da Reboleira, para saber se o Dr. Santos Costa dava consultas nesse dia, responderam-me que só na próxima semana. Em seguida, liguei para a Sra. D. Ana Silva, da cirurgia do IPO, um amor de pessoa, que se lembra sempre de mim, ligo-lhe desde há alguns meses por causa da minha madrinha. Disse-me, que o Dr. Santos Costa, só volta amanhã. O último recurso, era ligar para o próprio cirurgião, para o seu telémóvel, para mim é sempre um último recurso, mas assim o fiz, e deixei uma mensagem de voz.
Entretanto, era importante ir recolher a peça à Luz como eu tinha combinado com a minha médica. Telefonei para a Luz, combinei com a Secretária do Dr. Pedro Oliveira, que no dia seguinte, os meus pais passariam por lá para recolher o material. Um pouco depois estava, o Dr. Pedro Oliveira a contactar-me telefonicamente. A explicar-me, que depois do contacto, com a Dra. Joana Ribeiro, tinha voltado a repetir a análise, que o tumor dava sempre negativo às três hormonas. Ainda me disse que gostaria de falar com a médica, para avaliar a forma como o estudo está a ser desenvolvido e controlado em Paris. Enfim , esta história está a ficar um pouco confusa.
Perto da hora do almoço, o Dr. Santos Costa ligava para o meu telemóvel, expliquei-lhe o sucedido, disse-me para colocar um penso e amanhã passar no seu consultório. Assim, o fiz.
O meu estado continua fraquinho, mas um pouco melhor. Durmo muito e mesmo assim, sinto-me cansada.
À noite fiquei um pouco preocupada, porque a ferida voltou a sangrar. Não consegui dormir nada, só de pensar que a ferida poderia vir a sangrar abundamentemente.

Dias seguintes - 29 e 30 de Agosto

Mais dois dias, foi um fim-de-semana para dormir e me fortalecer. As forças são poucas, no sábado ainda tive alguns episódios de simulação para o vomito, mas consegui resistir e não vomitei. A cabeça e o corpo sempre tontas, a manhã toda passada na cama, com apetites estranhos, maças cozidas, couscous, arroz de pato, foi o primeiro prato que me apeteceu, uvas,, etc Não consegui tocar em leite, em sopa e o café nem pensar.
No domingo, fazia anos o meu filho Gonçalo, claro a tristeza de não ter estado com ele é grande, mas lá consegui passar o dia, sabendo que ele estava feliz na companhia dos avós e tios. Lá lhe fizeram uma festinha com amigos e primos e sei que está feliz. Para mim, que sempre tentei coincidir as férias com o dia de aniversário dele, desde que ele nasceu, e que este ano não consigo estar na sua festa, foi mais difícil. Coisas de mães.