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Este blog foi criado essencialmente criado para contar os episódios desta fase da minha vida. Tenho tantos familiares e amigos a quererem saber como descobri que estava doente e como estou no momento presente, que decidi contar tudo aqui, neste espaço, etapa por etapa, dia a dia.

Dias seguintes - 22,23, ,24,25 de Dezembro

Estes dias não foram fáceis para além de ter os meus filhos em casa o que exige menos descanso, ainda apanhei uma diarreia do tratamento que não meio de passar. Por mais dieta que faça a coisa não está fácil. O Natal foi muito difícil, na véspera de Natal, estava com uma fraqueza que não me aguentava em pé. O que vale foi o meu marido que esteve em casa e me ajudou e a minha empregada, que veio dar um jeito à casa. No dia Natal, estava mais forte, lá consegui ir almoçar aos meus pais, estive bem todo o dia. Mas de madrugada, mesmo sem ter comido quaisquer excessos, lá veio mais uma diarreia.

Dias seguintes -19, 20, 21

Parece que a ressaca não está a ser tão forte, mas mesmo assim, o sábado foi passado quase todo a dormir, o Domingo o meu dia de anos foi mais animado, passaram por cá a minha madrinha, os meus pais e a minha amiga Isabel Saraiva, com a família, mais as dezenas de pessoas que me telefonaram nesse dia. Foram todos muito simpáticos tive distraída, a conversar durante a tarde, mas à noite já tinha a minha cabeça muito tonta. Fazer anos doente não é lá muito agradável, espero para o ano ter saúde para comemorar. A segunda-feira, foi dificil, tive os meus filhos todo o dia em casa, por muito que estejam sossegados, a minha cabeça tem alguma incapacidade em tolerar barulho.

Votos de Boas Festas

Não queria deixar passar esta quadra sem desejar a todos os meus leitores, entre os quais estão os meus familiares, amigos, colegas, conhecidos e desconhecidos um Feliz Natal, e um Ano Novo Cheio de Saúde, que para mim e para todos julgo que será o mais importante, mas também com Paz e um futuro melhor para o nosso país e para o mundo.


Dia 71 - 18 de Novembro

Logo pela manhã dirige-me ao hospital, apesar de haver muita gente à espera para o mesmo que eu fui logo chamada, claro que mal entrei na sala o pequeno-almoço foi todo fora. Desta vez, picaram-me noutra veia e não tenho o braço tão mal. Estava inquieta para que aquilo acabasse porque passo quase duas horas com ataques de vómitos.
Vim para casa, almocei e deitei-me. Os meus filhos que estavam em casa foram com a minha mãe e passaram lá a tarde. Eu tive toda a tarde deitada. É o que mais preciso nestes dias. Tenho muitas dores no corpo, e uma fraqueza enorme. à noite os meus pais ficaram cá deram os jantar aos miúdos e ainda tive um pouco à conversa com eles. Mal saíram fui logo para a cama.

Dia 70 - 17 de Novembro

Estes dias antes da QT são muito stressantes, tenho de deixar a vida organizada para os dias de ressaca. Levantei-me cedo, deixei os meus filhos na escola, como faço todos os dias, em seguida vim para casa deitei-me ainda um pouco e depoi fui arranjar-me para ir à Praça, depois ao Centro de Saúde, levar mais uma injecção, segui ainda para o Pingo Doce, para fazer as compras, ou quase todas para a ceia de Natal.
Quando cheguei a casa perto do meio dia, os sinais de ressaca da injecção já se estavam a sentir-se, um sinal de gripe e umas dores na coluna. Tomei o meu benuron, e fiquei a descansar. Lá tive de desmarcar os almoço com os meus colegas de emprego, com muita pena minha, mas não me sentia em condições de ir.
Depois almocei, descansei mais um pouco, e segui para o HSM, fazer as minhas análises e voltei para casa. Pelas 16 horas rumava novamente ao HSM, para a consulta com a minha médica. Levei umas prendinhas para as empregadas administrativas, enfermeiras e para médica, claro. Desta vez, tenho os globulos acima do previsto, efeito das injecções, 15 milhões em vez dos 11 milhões que é o limite. Tive numa conversa saudável com a minha médica, para além dos aspectos do tratamento medicação, injecções para o próximo tratamento. Tivémos a conversar um pouco sobre o estado da doença e aquilo que é percéptível nos exames disponiveis, ela diz-me que há um limiar de detecção, mesmo para o PET, que é o exame mais preciso, e para isso é que se faz a QT, para que se houver alguma coisa não visível, ela seja morta pelo QT. O meu tumor não é dos menos agressivos, porque começou por ser triplo negativo, verificou-se depois que não é, mas biológicamente não é dos mais faceis. Vamos ver o que me espera. Também me disse que posso ser enviada para fazer a radioterapia fora, porque o HSM tem dois aparelhos em substituição.
De qualquer forma amanhã segue-se mais uma sessão de QT.

Dia 69 - 16 de Dezembro

Menos um dia a caminho do tratamento, que só tenho confirmado amanhã, se vai ser na sexta-feira. Mas hoje levei mais uma injecção para os glóbulos subirem. Mais uma ida ao Centro de Saúde e mais uma picadela. Não custa.
A contagem decrescente para a QT faz com que eu tenha de deixar tudo preparado para o Natal, pois só estarei aceitável na véspera de Natal, por isso tenho de deixar os pendentes todos executados. Organização, mesmo doente. Não me deixo abater mesmo com a doença.
Passei o dia a todo a Benurons, porque o efeito das injecções não é agradável, à noite tive tantos arrepios, que tremia toda e as dores eram insuportáveis, até tomar um benuron.

Dia 68 - 15 de Dezembro

Hoje é um dia bom e mau. Mau porque faz hoje 5 meses que a minha amiga Rita morreu, por muito que eu viva não me vou esquecer. Ela era uma pessoa espectacular, com uma força de vida enorme, como pode ela morrer com a mesma doença que eu tenho. Eu não compreendo. Mas foi um dia bom porque fui ao almoço de Natal da Fundação. Foram todos muito amáveis comigo, desde os colegas até às chefias, não ficando ninguém de fora, mimaram-me muito. Senti-me muito bem. A importância que eu dou a estes pequenos momentos é enorme.
Mas antes ainda passei pelo hospital, para fazer análises. À tarde soube os resultados, infelizmente, estou com os glóbulos em baixo, lá vou tomar umas injecções para que eles subam e eu consiga fazer o tratamento no dia 18 e consiga passar o Natal em condições normais, ou quase normais, com a minha família. As enfermeiras disseram-me que dava apenas umas dores no corpo como uma gripe. Vê-se logo que elas não as tomam. Depois do jantar comecei com umas dores horríveis na coluna, tomei um Benuron e a coisa ficou controlada. Vamos ver como estou amanhã.
Deixo aqui mais uma mensagem para os que colocam comentários: não tenho respondido a todos os comentários, porque são muitos e acabo sempre por dizer o mesmo. Mas acreditem que me dá um grande prazer que deixem os vossos comentários e aliás emociono-me muito quando os leio. Dá-me uma grande satisfação saber que há muitas pessoas, interessadas em saber como eu estou. O meu obrigado a todos mesmo aqueles que não escrevem e que eu sei que são muitos.

Dias seguintes - 13 e 14 de Dezembro

No domingo estava um dia de Sol, e eu impus aqui em casa que tinha de se sair, já basta os fins-de-semana que tenho passado " de molho". Então lá conseguir movimentar a família até ao Estoril, almoçamos por lá e demos um passeio no paredão que bem que me soube. Aliás, aquele paredão faz-me lembrar quando passava férias em Cascais, e fazíamos a pé, com os amigos da praia aquele paredão vezes sem conta, à procura de um local melhor para tomar banho e para fugir dos pais que estavam em cima de nós. Belos tempos esses que passava as minhas férias naquele local, onde aliás conheci o meu marido.
Na segunda-feira, fiz mais algumas compras de Natal, juntei-me à minha amiga Isabel para tomar um café e fui buscar os meus filhos à escola. Um dia normal como tantos outros.

Dia seguinte - dia 12 de Dezembro

Hoje fui a Setúbal, o meu filho participa em mais um torneio de ténis, chegámos a tempo de ver o segundo jogo, fui com os meus pais e com o Gonçalo. O jogo foi ganho pelo meu kiko, que ficou contente, quando ganha fica muito feliz, mas quando perde ninguém o atura. À noite tive um jantar com os meus amigos de Santo António dos Cavaleiros, local em que vivi na infância. Eramos cerca de 30 pessoas, muitas delas eu já não me lembrava dos nomes, mas das caras sim. É impressionante passaram talvez 25 anos, e as pessoas estão com as mesmas feições, à excepção de uma ou outra. Foi muito divertido, e para o ano repete-se com alguns que este ano faltaram. Momentos como estes fazem-me esquecer a doença.

Dia seguinte - 11 de Dezembro

Hoje fui surpreendida por um telefonema às 9.00 da manhã, era a minha cunhada Margarida a comunicar-me que o seu neto estava prestes a nascer. A Cristina, minha sobrinha estava no hospital desde madrugada. O Diogo nasceu depois do almoço, é um dia de grande felicidade para toda a família. O Menino Jesus nasceu é perfeitinho. Hoje, não se pensa em doença nenhuma, é muito importante o nascimento de uma criança. Esta minha sobrinha é especial e desde que fiquei doente tem sido de uma atenção, como poucos, não passa uma semana que ela não ligue e às vezes mais do que uma vez. É um amor, quando devia estar apenas preocupada com o seu Diogo. Tenho pena de não poder ver por agora este bébé, mas não há-de faltar muito.

Dia 67 - 10 de Dezembro

Logo pela manhã parti para a Av. EUA, tinha marcada a Junta Médica, para as 9.40. Este sistema de chamarem todas as pessoas independentemente da justificação da baixa para verificarem que estamos de facto doentes é um pouco estupido. Desta forma como há-de o país progredir, estão dois médicos a perder tempo com casos como o meu. Já lá fui uma vez, comprovei a doença de que era portadora, sabem que os tratamentos para estes casos são demorados, para que é que me chamam outra vez. Aliás ,é como as baixas médicas, se estou de baixa desde Julho, desde essa data que os médicos sabem o que tenho, porque é que, nestes casos, não passam uma baixa por um tempo superior fazendo com que eu não ocupe uma consulta por mês de um médico de recurso, quando existem tantas pessoas que estão doentes e precisam de consultas médicas. Estou a ocupar vários médicos sem necessidade. O sistema está errado, mas não muda, é nestas pequenas coisas que se vê tambem o estado de evolução de um país.
Mas passemos à frente os médicos não colocaram nenhum entrave à minha situação. Disseram-me apenas que da próxima vez convinha trazer uma declaração actualizada da minha médica, a que eu tinha era do fim de Outubro.
Seguindo, fui depois às compras de Natal, faltavam-me ainda alguns presentes, e aproveitei estar perto da Av. de Roma para os fazer, já comprei duas prendas para os meus médicos, entre outras.
À hora de almoço fui ter com as minhas colegas da Rua do Salitre eramos 11 no almoço, muito queridas todas se disponibilizaram a almoçar comigo. Gostei muito, foi muito agradável. Estes pequenos momentos, para mim agora são grandes e aprecio muito uma conversa com as amigas. . São todos uns queridos, mesmo aqueles que por inerência das suas funções não puderam almoçar comigo, em especial o João e Ana.

Dia seguinte - 9 de Dezembro

Hoje tive o meu marido e o filho mais velho em casa. O primeiro está de folga e o segundo está a recuperar da sua gastrointerite. Fiquei por casa, a descansar. Hoje não precisei de ir a actividades com os meus filhos que o pai está e tem gosto em fazê-lo quando pode.

Dias seguintes - 7 e 8 de Dezembro

Segunda-feira foi dia de levar a cabeleira ao cabeleireiro, apanhou tanta humidade no fim-de-semana, que estava mesmo a precisar de champô e amaciador e já agora um secador e uma profissional que a secasse. Ficou impecável. No segunda ainda fui buscar os meus filhos à escola e fui à natação com o Gonçalo. Na terça ficámos por casa o Francisco vomitou toda a noite e está de molho. Está fraquinho e não tem força para fazer nada.
Cada vez que penso que ainda tenho duas caminhadas, dois tratamentos, custa-me tanto, a ressaca é tão má, mas tenho de ter paciência e pensar que já está quase. Assim, vai ser mais fácil. Estou bem disposta e em preparativos para o Natal. Ainda me faltam algumas prendas mas poucas.

Dias seguintes - 4, 5 e 6 de Dezembro

Foram os primeiros dias em que retomei a minha vida dentro da normalidade e apanhei logo com um tornei de ténis do meu filho. O miúdo estava numa excitação, e por isso vale a pena. Foi pena ter perdido o quarto jogo. Aproveitei ainda para estar com a minha colega Gabriela que também está doente como eu. E que bem que ela está de aspecto. A cabeleira que comprou fica-lhe a matar, a cor é lindissima e ela está mesmo muito bem. Foi muito bom colocar a conversa em dia. De resto estou bem disposta. Os miúdos portaram-se bem durante todo o tempo em que o pai não esteve o que ajudou.

Dia seguinte - 3 de Dezembro

Hoje de madrugada o Eduardo foi para fora, mais uma noite mal dormida, mas de hoje não passo sem Lexotan, já ontem disse o mesmo e depois não o tomei. Fiquei ainda por casa, dormi um pouco de manhã, para que não me sinta tão cansada. Durante o dia ainda fui ao supermercado da esquina e ao café mas foi tudo, as forças não dão para mais. Os miúdos chegaram ao fim do dia e foi o habitual, estudarem, tomarem banho, jantar, brincar um pouco e depois dormir. Entretanto, o Eduardo chegou ao destina são e salvo. Continuo com o braço muito dorrido, mas falei com Sara, ela confirmou que devia por gelo, e assim o faço.

Dia 66 - 2 de Dezembro

Hoje foi dia de renovar baixa médica, pelo que como me sentia melhor aí fui eu. O Eduardo deixou-me à porta e por causa de ter medo de apanhar o virus da gripe, subi 5 andares, quando cheguei lá a cima só tive tempo de me encostar a uma parede e depois sentar-me. Ia desmaiar, estou fraca. Por fim, lá entreguei o meu cartão de utente e aguardei sentada.
A médica foi muito simpática, como todos tem sido, acabou por me medir a tensão, estava baixa mas recuperada.
Agora preocupam-me duas coisas. O meu braço que me dói imenso, tem sido sempre o mesmo a receber o tratamento. A médica do centro de saúde, disse-me para colocar gelo de duas em duas horas. Mas a verdade é que dói cada vez mais e ainda tenho de receber mais dois tratamentos. E o facto de não andar a dormir nada bem. Ainda não consegui ultrapassar o fantasma da cicatriz, apesar de ela estar boa, e então não durmo de barriga para baixo. Passo as noites sem dormir a engendrar coisas para fazer, mas esta noite vou tomar o meu Lexotan.

Dias seguintes - 30 de Novembro e 1 de Dezembro

Continuo por casa, o corpo pede descanso, ontem ainda fui à rua comprar pão, mas vim logo para casa. A cabeça continua muito confusa. É das coisas que ficam pior a seguir ao tratamento. Faz-me confusão grande barulho. O tempo na rua também não ajuda quem está doente, está muito frio, e como tal há que recolher. Hoje que é feriado, tenho a família toda em casa. Amanhã já sairei tenho que renovar a minha baixa que já acabou a 29 de Novembro.

Dias seguintes - 28 e 29 de Novembro

Se por um lado tenho menos ressaca a vontade de dormir e de estar deitada continua intensa e foi isso que fiz durante estes dois dias. No sábado ainda ainda tive por cá o meu marido e filho mais velho, no domingo tive quase todo o dia sozinha, mas é preciso, porque o corpo pede muito descanso, apenas me levanto para tomar banho e comer. Já vi um pouco de televisão às horas da refeição. Entretanto, o meu cabelo que já estava crescido (com 1 cm) voltou a cair, mas é um mal menor. Já me habituei ao meu lenço em casa, e agora é mesmo necessário porque tenho frio no couro cabeludo sem o lenço e à cabeleira para a rua.

Dia 65 - 27 de Novembro

Mais um tratamento. Mal comecei a receber o tratamento, comecei a ficar enjoada, com vómitos durante o tempo todo. Cada vez me custa mais aquelas duas horas. Vim para casa ainda com o estômago embrulhado, lá comi e deitei-me. Estranhamente a tarde a ressaca não foram tão intensas. Não tive cólicas, apenas dores no corpo e muitos arrepios de frio. Parecia que estava com gripe. Ao fim da tarde ainda me levantei para receber os meus filhos, para fazer o saco do mais novo que ia para casa dos meus pais. O mais velho fiacava porque amanhã tem um exame de inglês.
Tive ainda uma outra agradável notícia, o meu emprego, pagou-me o subsídio de natal, coisa de que eu não estava à espera, porque nestes casos, tem que geralmente solicitar-se à segurança social. Foram generosos, ao que eu agradeço de coração. Assim, apesar de ainda estar doente o Natal vai saber melhor.

Dia 64 - 26 de Novembro

Aqui estou eu para dar a boa nova. Hoje fui ao hospital fazer análises e acabei de saber que faço tratamento amanhã. Ainda bem, é o 4ª , depois deste só faltam 2. E uma contagem decrescente para me por nova em folha.

Dia seguinte - 25 de Novembro

Mais um dia de gaiteirice. Hoje, fui a Alvalade à Secre colocar uns documentos do seguro de saúde. Dei mais uma voltinha e vim para casa. Está um dia tenebroso, todo o dia a chover. À tarde foi tempo de ajudar o meu filho nos estudos, neste caso, na minha especialidade, História. Vamos ver se é desta que o rapaz tem boas notas na disciplina. De resto, continuo à espera que os globulos brancos subam.
Sinto-me bem, à espera da próxima pancada. Vou tratando de muita coisa, não calculam os diversos assuntos que tenho tratado desde que estou em casa e ainda tenho tanto para fazer. Assim se vê, aquilo que não conseguimos fazer quando estamos a trabalhar, o fim-de-semana é curto não dá para tratar de grandes assuntos, quando estamos a trabalhar.

Dia 63 - 24 de Novembro

Hoje é um dia especial, o meu filho Francisco faz anos. Como não fiz tratamento e só ontem ele nos disse o que queria de prenda. A primeira coisa que fiz de manhã foi ir comprar-lhe o que ele pediu. Este meu filho está mesmo a chegar adolescência: no fim do ano passado, começou a pentear-se antes de ir para a escola, este ano, não só se penteia, como coloca desodorizante e perfume, no corpo e no cabelo. É giro vê-los crescer. Os meus pais trouxeram um bolo de aniversário e jantaram cá, já o iam fazer se eu tivesse feito o dito tratamento.

Dia 62 -23 de Novembro

Hoje fiz uma maratona para a quarentena que começaria amanhã. Fui tratar de alguns assuntos pessoais, fazer compras domésticas. Fiz análises e fui ao médico. Mas fui surpreendida com mais um imprevisto, os glóbulos brancos estão baixos e não me permitem fazer o tratamento amanhã. A médica, preparava-se para me dar a famosa injecção para os fazer subir. Mas eu disse-lhe que poderíamos esperar alguns dias sem a injecção. Já sei que a famosa ,dá uma ressaca desgraçada, com muitas dores nos ossos e, como tal , preferia não a tomar. Vou esperar até quinta-feira, voltar a repetir análises e depois logo se vê. A minha vida vai-se complicar se não fizer esta semana o tratamento, porque o Eduardo viaja para a semana em trabalho. Vamos ver como nos arranjamos.

Dias seguintes -19,20 e 21 de Novembro

Cá estou bem disposta, a cicatriz está a evoluir favoravelmente, estou a preparar-me para a próxima semana de reclusão, pelo que tenho saído com fartura. Quanto mais se aproxima o dia pior é, é uma sensação estranha de quem sabe para o que caminha, que é desagradável, mas obrigatório, pelo que não há como fugir. A sexta-feira foi ocupada com bastantes afazeres domésticos. No sábado, estive ocupada com o estudo dos meus filhos e à noite fomos jantar fora com uns amigos dos Açores. Foi bastante agradável. O domingo foi caseiro.

Dia seguinte - 18 de Novembro

Dia activo, tenho de aproveitar os poucos dias que me faltam até à próxima sessão de QT. Pelo estou a tentar organizar a minha vida o melhor possível. Passo os dias entre afazeres domésticos e outros que é necessário serem feitos e que muitas vezes não tenho tempo para eles quando estou a trabalhar. Ainda não me aborreci, porque tenho muita coisa para por em dia.

Dia 61 - 17 de Novembro

Hoje foi um dia especial, por vários motivos. Tive 12 colegas a almoçar comigo. Muitos deles, a maioria não me via desde o último dia em que trabalhei. Foi bom o almoço, foram muito simpáticos. Depois do almoço segui para o médico, cirurgião. Este médico tem uma sensibilidade extraordinária, perguntou-me se eu estava bem disposta, se tinha passado bem. Acho que percebeu que nos últimos dias tenho estado menos bem. A verdade e o que importa é que tirei os últimos pontos, custou um pouco, mas já está. Agora só volto lá depois de acabar a radioterapia. Grande batalha, está parece estar ganha - a da cicatriz. Perguntei-lhe sobre o prazo da radioterapia, mas ele disse-me que devo fazer tudo dentro dos prazos normais. Posso colocar o creme gordo da Barral para a cicatriz ou outro qualquer.

Dia seguinte - 16 de Novembro

Hoje foi um dia normal, com os afazeres de casa e com os afazeres dos miúdos. De manhã ainda fui com a minha mãe provar um colete que mandei fazer, fui colocá-la em casa e passei o resto da tarde por casa, ao fim da tarde já com os meus filhos. Também já comecei a fazer as compras de Natal. Continuo meia aborrecida com coisas que neste momento não me deviam aborrecer, mas as pessoas não percebem, mesmo as mais próximas. Acham que já passei o estado de graça da doença e que agora é tudo fácil.

Dias seguintes - 14 e 15 de Novembro

No sábado os miúdos foram com o Eduardo ao futebol, eu fiquei em casa da Teresa, mãe de um amigo do Francisco. Foi engraçado, porque conheci uma pessoa que já teve a mesma doença que eu, conversámos bastante. O domingo foi um dia passado em casa, não tive muito bem disposta, os miúdos foram a uma festa de anos, mas eu fiquei por casa, a descansar. Apesar de não estar a trabalhar, os resto das tarefas estão todas por minha conta e às vezes é saturante aguentar com tudo em cima de mim. Mas nem sempre sou compreendida. Enfim, estes momentos hão-de passar, melhores dias virão.

Dia seguinte - 13 de Novembro

Hoje foi um dia normal, de manhã tratei de alguns assuntos, fui às compras de supermercado, e à tarde fui para as actividades com os meus filhos. Ao jantar fomos ter com a São e o Paulo, o Tio António e esposa, e a Nónó, fomos ao Café Império, que para mim, é dos restaurantes que serve melhores bifes em Lisboa.

Dia seguinte - 12 de Novembro

Mais um dia, atarefado, levantar o computador, almoçar com os meus pais, ir ao Centro Comercial com a minha mãe. Aliás estes tempos tem sido muito passados com os meus pais, já fazia muito tempo que não passava tanto tempo com eles, é bom. Depois do almoço, fui levantar o computador e fui ao dentista com o Gonçalo, meu filho mais novo. Quando cheguei a casa o Francisco estava numa excitação, recebeu as notas intercalares e foram muito boas, exceptuando história e português, que foram um desastre, mas parece-me que neste caso a culpa não é só dele. É um problema para analisar com os professores, já tentei marcar uma reunião.

Dia seguinte - 11 de Novembro

Mais um dia para tratar de muitas coisas, em especial do computador que se avariou. Agora é que vejo a falta que faz, não consigo passar sem ele. Fui também às compras, ao correio, fui ao colégio recolher o meu filho, e ao ténis com os dois ao fim da tarde. Estou na plenitude das minhas forças, até à proxima queda ( tratamento).

Dia 60 - 10 de Novembro

Hoje é um dia importante, passam 60 dias de contagem da doença, ou sejam, foram 60 dias, em que passei em episódios directamente relacionados com a doença, por coincidência ou não, hoje fui ao cirurgião, para ver como está a cicatriz, desde que fiz tratamento, não mexi no penso, com medo de ver como estava por baixo, mas está tudo bem, o cirurgião, tirou metade dos pontos, a outra metade ficou para a semana. Eu estou aliviada e alegre. O cirurgião, também ficou feliz, por ver que o problema da cicatriz parece resolovido, até me deu um beijo de despedida. Ele tem sido impecável comigo, sempre muito atencioso. Há coisas que não se pagam, ter um médico assim, não tem preço. Acho que lhe vou ficar grata para o resto da vida.
Entretanto, também hoje, começei os meus almoços com as minhas amigas, hoje foi a vez da Zai. É bom olhar para trás, para a minha vida passada e presente e ver que tenho amigas, desde a infância, esta é apenas uma delas. Amigos e candidatos a almoços, organizem-se, vou começar a agendar almoços, não posso ficar fechada em casa a pensar na doença.
Hoje também foi dia de ira falar com a professora do Gonçalo, ela acha que ele está mais frágil por causa da minha doença, tem falado nisso, várias vezes à professora, em situações pontuais, comovi-me um pouco, mas tento ultrapassar isso, como eles, dando-lhes todo o apoio que consigo.

Dia seguinte - 9 de Novembro

Cá estou eu pronta para a vida normal, depois de fechadas durante 6 dias em casa, tento hoje fazer a minha vida normal. Saí logo de manhã para deixar os meus filhos na escola e fui com a minah cabeleira ao cabeleireiro para ser penteada. Eu que nunca fui escrava de cabelereiros, agora vejo-me obrigada a ser escrava do serviço. O resto do dia foi passado por casa com o meu filho, mais velho durante a tarde e depois também com o mais novo.
PS - o atraso n actualização no blog deve-se a um problema informático, que ainda não está totalmente resolvido.

Dias seguintes - 4 a 8 de Novembro

São dias muito complicados, cada vez penso mais, que tratamento mais horrível a que tenho de ser sujeita, dá-me mal estar geral, fraqueza total, um gosto na boca, que parece que o produto injectado nos sai pela mesma, sonolência até à exaustão, nestes dias cheguei a estar todo o dia deitada e mesmo assim tenho sono, a cabeça está muito tonta, tenho dores de cabeça insuportáveis. Enfim, acho dificil descrever este meu estado, mas acreditem que o não o invejo para ninguém. Só hoje, dia em que estou a escrever me sinto com mais força e mesmo assim, depois de fazer algum trabalho em casa tenho de parar e descansar.

Dia 59 - 3 de Novembro

Lá fui eu para o meu tratamento logo pela manhã. Desta vez senti-me mal logo na sala enquanto me injectavam, vomitei e tudo. Pensei, isto vai começar mal, mas vim para casa com a minha medicação, e coisa foi mais leva do do que no 2º tratamento. Não tive vómitos, ou se tive foram muito poucos, mantive-me deitada, comi e pouco mais.

Dia 58 - 2 de Novembro

Hoje foi um dia normal, tratei de alguns assuntos de manhã, nomeadamente a entrega da papelada para a marcação de Junta Médica, para obter os benefícios fiscais inerentes a esta doença. Depois fui tomar um café com a Isabel S. e apareceu também a Helena Amaral, antiga sub-directora que estava a passar e resolveu parar e estar um pouco a conversar.
À tarde foi tempo de hospital, nova consulta, e de marcação de tratamento para amanhã. Portanto, não se admirem, mas nos próximos dias a ausência vai ser total.

Dias seguintes - 31 de Outubro e 1 de Novembro

É o primeiro fim-de-semana, depois de muitos passados em que me sinto bem. No sábado fomos almoçar à Costa da Caparica, encontrei a Belinha, conversámos um pouco. No sábado à noite tive cá uns amigos. No Domingo fui almoçar com os meus pais e a seguir fomos a casa da Nónó. O fim-de semana passou-se bem e divertido.

Dia 57 - 30 de Outubro (continuação)

À tarde fui ao consultório da cirurgião, parece que está tudo bem, voltou a picar-me para verificar se havia liquido, diz que não e que estou pronta para o próximo tratamento na Terça-feira. Quando cheguei a casa estava estourada, de tanto andar para um lado e para o outro. Ainda tive de fazer contas com a minha empregada que veio ontem pela última vez.

Dia 57 - 30 de Outubro

Esta minha história parece uma tragi-comédia. É verdade ontem à noite os pontos mais recentes começaram a drenar, muito pouco, mas é sinal que a QT vai ficar adiada. Hoje de manhã nem sabia bem o que fazer, se me dirigia ao HSM ou telefonava ao cirurgião. Fiz as duas coisas, dirigi-me ao HSM e quando já estava lá liguei ao Dr. Santos Costa. Deixei recado, passado 10 minutos estava a ligar-me, disse-me para eu adiar o tratamento e ir hoje à tarde ao consultório. No hospital, dirige-me ao secretariado e pedi para falar com um médico, já que a minha médica não estava. Fiquei à espera, mas entretanto, enviei uma mensagem escrita à minha médica. Também passados alguns minutos estava a ligar-me. Enviou-me para casa e voltarei segunda à tarde.
Para me animar fui arranjar as unhas.
Entretanto, esta minha doença tem sido, por coincidência, um reencontro com locais e pessoas do meu passado. Comecemos pelos locais: o cirurgião é na Av. da Liberdade, local em que passsei tantos anos, tantos passeios com as minhas colegas, Ana Lúcia, Isabel S ,Sebastião, Isabel VS à hora do almoço. O HSM também me faz lembrar os tempos da faculdade de quando iamos à Cantina Velha almoçar, a refeição macrobiótica, com a Isabel, o Miguel, a Sofia e tantos outros.
Agora passemos às pessoas: primeiro foi uma vizinha da casa dos meus pais, a tal que já morreu e hoje vejo passar uma amiga do Faial, tive a certeza de que era ela, mas antes fui perguntar às administrativas, confirmaram-me o seu nome, pois é re-encontrei a Sara Silveira, irmã do Pedro e do Paulo, meus amigos do Faial, trabalha no serviço de oncologia. Foi bom este re-encontro, ela está na mesma, ficou triste por eu estar doente, mas eu transmiti-lhe que estava bem.
Vamos ver que surpresas agradáveis ainda vou ter no que se trata re-encontros.

Dia 56 - 29 de Outubro

Cá estou eu novamente, para vos comunicar que amanhã é dia do 3º ciclo de quimioterapia. O cirurgião considerou que eu podia fazer tratamento e a oncologista também. Aqui vou eu. Como sabem vou estar ausente nos próximos dias. Um beijo a todos pelo apoio e continuem a deixar as vossas mensagens, dão-me animo.

Dia seguinte - 28 de Outubro

Dia preenchido com os afazeres normais, nada de médicos, por hoje. Fui sair com a minha mãe de manhã e à tarde fiquei por casa com o meu filho mais velho. Ao fim da tarde foi tempo de ir ao ténis com os dois. O peito continua bem.
Hoje chegaram-me comentários de muitas pessoas que tiveram a mesma doença, é bom saber que contamos com a solidariedade de todos, não todos mas de quase todos. Há alguns de teimam em ignorar que estou doente, talvez tenham muito que fazer !!!. Mas desses eu não preciso.

Dia 55 - 27 de Outubro

Hoje foi um dia positivo e negativo. Comecemos pelas más notícias. Fui surpreendida com um telefonema de uma amiga e vizinha de infância a Jô, a comunicar-me que a mãe, a D. Lucília, morreu ontem de cancro da mama. Tinhamo-nos encontrado em Agosto no HSM, fiquei muito impressionada com o seu estado. Agora, depois de ter pensado várias vezes em telefonar-lhe, chegou a triste notícia. A D. Lucília, vivia no 3º dto e nós no 2º dto, a Jô é da idade do meu irmão, e passava-mos a vida em casa uns dos outros ou nas escadas a brincar com as bonecas. A D. Lúcília era uma boa pessoa, era modista, como se dizia nesse tempo, tinha a idade do meu pai. A doença anunciou-se tardiamente, porque não fazia mamografias. Tenho muita pena dela e da sua família.
As boas notícias, já tenho empregada, e a melhor de todas, fui ao médico, e pela primeira vez depois de muito tempo parece que o meu peito não tem liquido, está a fazer uma cova no local em que se formava o liquido e é sinal que vou poder fazer o tratamento, mas talvez só seja na próxima semana. A verdade é que tenho muito medo do que possa acontecer.

Dia seguinte - dia 26 de Outubro

Depois de um fim-de-semana passado em casa, Segunda-feira, apetecia-me sair. Assim, foi arranjei-me e fui a Alvalade, tratar de burocracias inerentes ao seguro de saúde. Depois vim para casa, ainda não tenho o problema da empregada doméstica resolvido, hoje faço mais uma entrevista, e uma das que aceitou vem experimentar. A da entrevista, gostei dela, coincidência das coincidências, teve a mesma doença que eu há 2 anos.
À tarde tive por casa, com o meu filho mais velho. Ao fim da tarde já estava bastante cansada, não é bem cansada, mas sinto o peito pesado.
Há muitos leitores do meu blog que não se manifestam por escrito, espero que a boa notícia vos incite a deixar o vosso comentário. De qualquer forma obrigada a todos.

Dias seguintes - 24 e 25 de Outubro

A minha vontade de andar de um lado para o outro ao fim-de-semana é pouca enquanto o problema da cicatriz não estiver resolvido. Assim foi, fim-de-semana caseiro, para que não suceda qualquer imprevisto. Descansei, li os meus livros, ajudei os meus filhos no estudo. Ao início do dia estou sempre bem, mas ao fim da tarde e noite sinto sempre o peito pesado, não percebo bem o que se passa, mas provavelmente é dos pontos.

Dia 54 - 23 de Outubro

A manhã foi passada por casa, para que a cicatriz evolua positivamente. À tarde, fui ao médico, mas antes ainda houve tempo para tomar um café com o João Luís, que estava cá de passagem e teve a simpatia de vir ter comigo para conversarmos um pouco. São assim os amigos. Acho que me achou bem, mas só ele pode confirmar. A seguir foi a espera no consultório do médico, como já vem sendo habitual. Quando chegou a minha vez, enfiou a seringa, mas ao contrário do que fazia supor não havia líquido. Depois foi voltar para trás e ainda ir ao ténis com o meu filho mais velho. Os meus dias são dedicados à doença e aos filhos. Quem me dera que fosse só aos últimos.

Dia 53 - 22 de Outubro

Acordei tarde, tenho descansado bastante esta semana, a cicatriz também não me dá grande mobilidade. À tarde fui ao HSM, à consulta, fui a 1ª doente a ser atendida, disse às empregadas que a seguir ainda teria de ir a outro médico, como sempre, muito simpáticas atenderam ao meu pedido, logo que a médica chegou, chamou-me. Lá lhe expliquei o sucedido, ainda se foi aconselhar com a Dra. Leonor, não conheço, acho que ainda não a vi, e depois confirmou a necessidade de adiar o tratamento, pelo menos mais uma semana.
A seguir os meus pais deixaram-me no Metro, lá fui para o cirurgião, drenou-me um pouco o peito, mas a verdade é que não tinha grande quantidade de líquido. Eu disse-lhe que preferia ir lá amanhã, acho que mais vale o sacrifício de ir e conseguir ficar boa. Já passavam das 19h quando cheguei a casa.

Dia seguinte - 21 de Outubro

Hoje é o unico dia da semana, em que não vou ver médicos, fantástico. Imaginem como eu já estou farta, sobretudo da espera de ser atendida por eles.
Hoje coloquei à prova os meus dotes de recrutamento de pessoal doméstico, foram duas. Gostei delas, parece é que querem ganhar mais do que aquilo que eu ofereço. Lanço um desafio, alguém que conheça pessoal que queira trabalhar, envie-me os contactos, tenho até ao fim de Outubro para arranjar uma empregada.
De resto, o dia foi em casa, com os meus filhos.

Dia 52 - 20 de Outubro

Hoje para além das preocupações com a cicatriz ainda tenho mais uma, recebi uma carta da minha empregada a despedir-se, ou seja só cá fica até ao fim do mês. Como tal, aqui estou eu a procurar por outra. Passei a manhã em contactos para telefonar para alguns locais para ver se consigo arranjar algumas candidatas.
Ao fim da tarde fui ao cirurgião, lá levei mais um ponto ou dois, nem sei quantos, vamos ver o que isto dá. Entretanto, os restantes pontos parecem já estarem cicatrizados. Vamos ver o que acontece nos próximos dias.
Quando cheguei a casa estava com dores, tomei um Benuron e deitei-me cedo.

Dia 51 - 19 de Outubro

Levantei-me cedo, fui para o IPO às 10.30, mas só fui atendida perto do 12.30. Contei-lhe o sucedido, teve a espremer mais algum líquido e colocou-me um penso. Amanhã vou levar mais uns pontos no consultório. Ainda lhe perguntei se esta situação se devia ao facto do tumor ser um pouco grande e eram dois e por isso ter criado um buraco grande. Mas ele diz que não, que isto acontece em buracos grandes ou pequenos.
Entretanto, quando cheguei a casa deixei um recado na minha médica oncologista, para saber o que se está a passar, e na assistente do cirurgião, para saber que eu vou ao consultório amanhã. A minha médica do HSM, ao fim da tarde estava a responder-me ao telefonema. Disse-me para eu não fazer análises, mas para ir à consulta.

Dia seguinte - 18 de Outubro

Face aos acontecimentos da véspera, o que posso fazer hoje, ficar o mais quieta possível, de preferência deitada, para ver se isto não fica mais complicado. Claro que não estou bem psicologicamente, isto está a ser muito difícil de ultrapassar. A Isabel S, esteve cá em casa à tarde, tive um pouco distraída e tenho aproveitado para ler. Desta vez já nem enviei uma mensagem ao médico. Na segunda-feira, logo vejo o que ele me diz.

Dia 50 - 17 de Outubro

Passei o dia por casa, continuo a não me sentir bem, à excepção de ter ido ao café com a minha amiga Zai e o meu filho Gonçalo. Durante a noite, já eram 7.00 da manhã tive um mais uma surpresa desagradável, o pele rebentou novamente, com o excesso de liquído, por cima dos pontos, desta vez a quantidade de líquido era enorme, corria pelo meu corpo abaixo, quando tirei o penso.

Dia 49 -16 de Outubro

Hoje acordei com a sensação de peito muito pesado, tal e qual como na noite anterior. À tarde fui ao cirurgião. Tirou-me 3 seringas de líquido em 3 locais diferentes, mas mesmo assim não me sinto muito aliviada. Receitou-me antibiótico, pelos vistos as coisas não estão lá muito bem. Vim para casa, voltei a deitar-me, apenas fazendo o mínimo indispensável.

Dia 48 - 15 de Outubro

Hoje é um dia especial, faz 3 meses que a minha amiga Rita morreu, tenho-me lembrado dela, como não podia de ser. Hoje fui de manhã ao cabeleireiro com a minha cabeleira, para lavar e arranjar, estou com um look um pouco diferente. À tarde foi tempo de ir ao hospital, primeiro fazer análises e depois à consulta com a médica. Já sabia do meu problema, através do SMS que lhe tinha enviado, lá lhe expliquei melhor o sucedido. Concordou que não podia fazer o tratamento na data programada e como tal teria que se adiar para a proxima semana, sexta-feira, dia 23.
Tambem falei hoje coma minha amiga Gabriela, que vai iniciar a quimioterapia amanhã, desejo-lhe toda a sorte do mundo. Um beijinho muito grande para ela.
À noite senti o peito muito pesado, deitei-me muito cedo, porque só deitada me sinto aliviada.

Dia seguinte - 14 de Outubro

Dia normal, sem sobressaltos. Fiz a minha vida de todos os dias, de manhã fui tratar de alguns assuntos, ao almoço esperei pelo meu filho mais velho, e à tarde tive a orientá-lo nos estudos. Ao fim da tarde levei os dois ao ténis.

Dia 47 - 13 de Outubro

Dormi até tarde, tenho uma necessidade enorme de descansar. Fiquei por casa de manhã a preparar-me para a tarde. Mas às 12.30 a Raquel veio ter comigo para almoçarmos juntas. Foi agradável. Depois deixou-me nos Restauradores. Ainda dei um "pulinho" à Mango e comprei uma T-shirt. Depois foi a espera no cirurgião. Uma hora e qualquer coisa. Viu a cicatriz, tirou-me uma seringa de liquido. Aliás, desde manhã que estava com uma comichão na cicatriz, depois de tirar o líquido e mudar o penso a impressão passou-me. Disse-me que o tratamento ficaria adiado por dois ou três dias. Não acredito lá muito, mas vamos ver o que diz a oncologista amanhã.
Depois foi tempo de vir para casa, ajudar os meus filhos nos TPC. Hoje não há actividades extra-curriculares, que bom fico por casa.

Dia seguinte - 12 de Outubro

Dia calmo. Fui ao oculista de manhã e a tarde foi por casa. Fui apenas recolher o Gonçalo à escola. A cicatriz está sossegada. Amanhã é dia de médico, vamos ver o que ele diz.

Dias seguintes - 10 e 11 de Outubro

Fim-de semana calmo, no que diz à minha cicatriz e ao que fiz. No sábado fiquei em casa de manhã, com excepção de ter ido à farmácia e tomar um café. Os miúdos foram jogar ténis de manhã, à tarde estiveram ocupados com os seus deveres escolares. Apareceu por cá a Isabel S. com a Inês, fomos até ao Parque das Conchas. Estivemos a pôr a conversa em dia. Ao fim da tarde, foi tempo de comprar uns ténis ao meu filho mais velho e umas calças de ganga. Depois, fui jantar a casa da minha mãe.
No Domingo, fomos almoçar fora e votar, a cicatriz continua calma, mas eu estou preocupada, o adiamento do tratamento causa-me alguma inquietação, por causa da evolução da doença. Mas guardo essa preocupação para mim. Esta doença apesar da muita solidariedade que gera, é muito solitária ou então sou eu que a vivo assim.

Dia 46 - 9 de Outubro

Mais um dia rumar ao médico. Hoje já não tenho dores e é o primeiro dia em que saio, desde quarta-feira. Perto da 14.30 fui para os Restauradores, onde está localizado o consultório do cirurgião. Fui a 1ª a ser atendida, tirou-me o penso, para mim a cicatriz ainda está muito fresca. Tirou uma seringa de líquido, colocou-me novo penso, e pediu-me para lá ir na próxima terça-feira. Disse-lhe que tinha tido muitas dores. Em relação à quimioterapia, não me disse nada em concreto. Mas a verdade é que tenho grandes dúvidas em relação à próxima sessão. Gostaria de já ter falado com a minha médica oncologista, mas vou esperar até à próxima consulta. Não sei qual é a solução para o meu caso, mas levar novamente pontos não é de certeza uma opção. Em seguida, ainda fui ao pediatra com os meus filhos, os meus pais fizeram o favor de me levar e trazer, ainda não conduzo.

Dia seguinte - 8 de Outubro

Dormi muito porque a noite anterior foi mal dormida, apesar de me ter levantado cedo, o Gonçalo foi para um passeio com a escola, por isso tive de orientar algumas coisas. O dia foi passado por casa sem fazer grande coisa. Estou inválida nesta fase.

Dia 45 - 7 de Outubro

Mais um dia, parece que voltei a Julho, uma vez que vou novamente para a Reboleira. De manhã estive calma, eram 14.00 quando lá cheguei. Depois de esperar algum tempo pelo médico à porta do bloco. Lá apareceu e depois dele veio uma empregada que nos encaminhou à recepção. Tratei da burocracia, fui para um quarto, vesti-me com uma bata e esperei que me chamassem. Assim que cheguei ao bloco, começo a fazer uma mentalização para não ficar nervosa. Desta vez consegui. Entrei na sala, lá despi da cintura para cima, colocaram à minha volta vários panos e lá se iniciou a "carnificina". Não doeu, o cirurgião esteve sempre concentrado, os enfermeiros iam conversando comigo, depois entrou outro cirurgião, que esteve ajudar, a maioria do tempo não percebo nada do que eles dizem pedem instrumentos, cujos nomes eu não conheço. A linguagem médica é uma linguagem à parte. Ainda entrou o anestesista, também conversei com ele, sobre o propofol, que matou o Micheal Jakson. Sente-se apenas o sangue a escorrer à nossa volta, é desagradável e quando acabou ainda vi os panos à minha volta todos com sangue.
Depois de sair do bloco, começaram as dores, tomei logo um Benuron, e vim para casa. Sinto-me bastante pior do que quando fiz a cirurgia inicial. O meu filho Francisco passou a noite depois do jantar e até ir para a cama a dar-me beijinhos. A noite foi em claro, sem pregar ollho.

Dia 44 - 6 de Outubro

Levantei-me cedo e quando eram perto das 10.00, liguei ao cirurgião. Estava desligado o telefone, mas deixei-lhe uma mensagem. Passados 5 minutos estava a ligar-me. Disse-me que eu deveria ir ter com ele ao hospital ou ao consultório. Como a situação é urgente, eram 11.30 e lá estava eu e a minha mãe no IPO, mais uma vez. Dei o meu cartão à assistente do médico e esperei. Enquanto esperava, ainda houve tempo para ir ver a minha madrinha, que iniciou hoje a radioterapia. Lá estava, sempre bem disposta a conversar com outros doentes, enquanto esperava e acompanhanda pela sua amiga Janet.
Quando eram 12.00 o médico chamava-me, tirou o penso, desta vez eram já dois buracos na cicatriz, tirou-me um dos pontos. Disse-me que amanhã, deverei ir ter com ele à Reboleira. Vou novamente ao bloco, desta vez vai abrir, limpar os tecidos mortos e cozer novamente. Que mais posso esperar. O resto do dia foi por casa, com alguns telefonemas de amigos e familiares. Ainda enviei um sms à minha médica oncologista, a comunicar o sucedido, mas não obtive resposta. À noite foi tempo de tomar um Lexotan, tenho de dormir bem e não pensar muito sobre o amanhã.

Dia 43 - 5 de Outubro

Hoje foi mais um dia de surpresas desagradáveis. Ao mudar o penso da cicatriz logo pela manhã, confrontei-me com um buraco sobre os pontos. Enfim, lá está minha vida a andar para trás. Foi dia de ficar quietinha em casa, para que não se agravasse. O Eduardo foi trabalhar, os miúdos à tarde foram ao cinema com um amigo. Entreti-me durante a tarde a fazer o jantar. Deu-me gozo, preparar um prato novo de massa para os meus filhos. Não dá para ficar só a pensar, no que é que me vai acontecer amanhã. À tarde envieei um sms ao meu médico. Não me respondeu. Vamos ver o que acontece amanhã.

Dias seguintes - 3 e 4 de Outubro

O fim-de-semana parecia que ia ser animado. No sábado, fomos a casa da Ro ( mãe de um amigo do Francisco), fantástica assim que soube que eu estava doente, telefonou-me e mais do que isso, quis animar-me e mostrar a sua solidariedade e dessa feita convidou-me para lanchar e jantar na sua casa. Foi uma tarde muito agradável. Há pessoas fantásticas, a Ro é uma delas, revelou-se uma grande amiga, com um grande coração, é o verdadeiro espírito cristão. À noite tive mais uma surpresa desagradável, a meio da noite a minha cicatriz dava sinais de drenagem. Como podem verificar tenho razões para estar traumatizada.
No Domingo, fui a casa de uns primos, foi o aniversário do filho, também estive distraída animada. O convívio social é muito importante para mim durante estes fins-de-semana em que estou sem tratamentos. O Claúdio que é psiquiatra, prontificou-se para me fornecer alguns anti-depressivos, caso eu venha a necessitar. Julgo que não vai ser necessário. Vamos ver como caminham estas minhas complicações.

Dia 42 - 2 de Outubro

Hoje foi dia de renovar a baixa médica.Fiz a minha vida normal, por casa quase sempre e ao fim da tarde lá fui ao Centro de Saúde. Lá esperei um pouco e por fim mais um médico desconhecido a quem tenho que contar a mesma história. Agora resumo-a muito pouco, estou farta de repetir a mesma coisa. Como não tenho médico de família, este é o meu fado. Mas o médico, até foi simpático, disse-me que é para estas doenças que as baixas médicas servem, a senhora merece mais do que alguém esta baixa, porque estas doenças são dolorosas.
À noite fui com a Raquel , Madalena e os meus filhos à Av. de Roma comer um gelado.

Dia 41 - 1 de Outubro

Hoje era um dia importante, porque fui ao hospital para fazer análises. Se o sangue não estivesse bem ( mais concretamente os glóbulos brancos) teria de levar uma injecção. Assim foi, depois do almoço, rumei ao hospital, esperei um pouco, e depois vim para casa. Eram perto das 17 horas, quando liguei para a minha médica, disse-lhe que era por causa do resultado das análises que estava a ligar. Prontamente, lhe dei o número do meu processo, e ela procurou no computador. Disse-me que o sangue estava óptimo. Ainda me perguntou como estava o peito e antes como tinha sido a reacção, desta vez, ao tratamento. Impecável, a Dra. Joana Ribeiro, com tantos doentes, lembra-se de cada caso, mesmo ao telefone e com certeza com outro doente à frente dela. Fantástico.
De resto o dia foi normal, por casa para não me cansar muito. Só à noite é que voltei a sair para ir a uma reunião no colégio dos meus filhos. O Gonçalo, ficou tão contente por eu ir, quando trouxe a carta para casa, disse-me eu já sei que a mãe não pode ir, mas vai haver uma reunião. Eu enchi-me de força e lá fui. Para lhes mostrar que a mãe também não está assim tão incapaz para fazer determinadas coisas.
Ainda não vos confessei uma coisa, estou um pouco traumatizada, com a cicatriz, passo o dia a e noite a ver se drena, através do penso é claro. Julgo que não é para menos ,depois dos sustos que apanhei com ela.

Dia seguinte - 30 de Setembro

Lá vou recuperando devagarinho, mas ainda com pouca "genica". Hoje vou tentar fazer a minha vida normal, mas a verdade é que ainda não consigo, dou um passo fora de casa e logo tenho de me encostar para descansar. Passei a manhã em casa, fui recolher o Francisco à escola às 13.45. Lá tivemos juntos toda a tarde. O meu filho mais velho quando me vê mais fraca fisicamente, porque psicologicamente tento estar sempre bem ao lado deles, enche-me de beijinhos, acho que assim me cura e eu fico boa. É mesmo um mimo este filho.
Continuo a dormir mal, acho que vou ter de recorrer mais vezes ao Lexotan, como aliado para dormir.

Dia 40 - 29 de Setembro

O cansaço ainda é muito grande, dormi até tarde, tenho essa necessidade. Depois levantei-me e vegetei pela casa, sem fazer grande coisa. À tarde é tempo de ir ao cirurgião, mas a verdade é que não sei onde arranjo forças para o fazer, hão-de surgir de algum lado. Deus vai ajudar-me ,também nisto. E assim fui à tarde, tive 3 horas inteirinhas no consultório à espera de ser atendida. Por fim, lá fui recebida. Sempre preocupado em saber como tinha sido o 2º ciclo de quimioterapia, conversei um pouco com ele, viu a cicatriz, diz que não está totalmente cicatrizada, mas a continuar assim para eu ir lá no fim da próxima semana. Se drenar terei que mudar o penso, caso contrário não é necessário.
Cheguei a casa exausta, dei de comida aos meus filhos e a mim, ainda tive de ajudar a fazer os TPC do Gonçalo, mas quando eram 9.30 estava na cama, com um Lexotan, entretanto tomado, preciso de dormir uma noite inteira bem sem acordar e ficar horas sem conseguir adormecer. A assim foi. Quando o Eduardo chegou já o sono reinava cá em casa.

Dia seguinte - 28 de Setembro

A fraqueza continua, mas fazendo um esforço enorme para me alimentar muito bem, como muitos espinafres, beterraba, sumos de fruta, carne e peixe, arroz ou massas, pão, queijo, leite, etc. Só não consigo ainda tomar o café, enjoei, aliás como da outra vez. Dormi até tarde, o repouso também é muito importante para recuperar forças, e por isso todos os bocadinhos estico-me.
Não tenho referido, mas a verdade é que não passa um dia, que eu não receba pelo menos 6 telefonemas, mensagens de e-mail, sms, etc, de pessoas que me apoiam. Às vezes são em simultâneo que se torna difícil responder a todos ao mesmo tempo.

Dias seguintes - 25, 26 e 27 de Setembro

É fácil resumir estes dias, porque passo o dia quase todo na cama, o meu corpo não tem força para fazer nada, à excepção de ir à casa de banho e comer, isso é fundamental, porque tenho a consciência que se me alimentar bem, rapidamente recupero do tratamento. A cabeça também teve sempre muito tonta é uma espécie de dor de cabeça, mas é diferente, não se consegue ver televisão, fala-se pouco, porque até falar custa, tem-se uma sede constante, os lábios sempre secos, o corpo fica ligeiramente febril, pelo menos na sexta-feira, cheguei a ter 37º. Tenho que ir medindo, porque aos 38º tenho que tomar Benuron e rumar ao hospital.
Esqueci-me no texto de ontem dar-vos o nome do comprimido que me tirou os vómitos: Emend ( princípio activo Aprepitant). É mesmo específico para quem faz QT.
Entretanto, no sábado tive a visita da Isabel Saraiva e no Domingo , a minha prima Sara, fez-me o favor da vir ver como estava a minha cicatriz. Parece estar calma sem drenar, vamos ver o que o cirurgião acha na Terça-feira.
Estou tão bem no meu novo visual caseiro de careca ( quando estou sozinha é óbvio) que já me aconteceu 2 vezes, baterem à porta e eu esquecer-me de que estou sem lenço. Faço-o naturalmente, sem pensar, mas tenho de ter cuidado, porque há pessoas que ficam chocadas. Claro não é fácil viver sem o nosso cabelo, mas adaptei-me, é um mal menor e temporário.
De resto os meus filhos passaram o fim-de-semana nos meus pais, ainda por cima estavam doentes, mas foi melhor para eles e para mim. No Domingo à tarde quando chegaram, ainda ajudei o Gonçalo acabar um trabalho de casa, querem sempre a mãe para os acompanhar em tudo e em especial nos deveres da escola, por isso é que fico tão preocupada com a minha recuperação, crianças nestas idades precisam da mãe a tempo inteiro.

Dia 39 - 24 de Setembro

Eram 9.15 quando o Eduardo me deixou no HSM para mais uma sessão de tratamento. Dirige-me de imediato às enfermeiras para dar o meu nome, recebi 3 comprimidos, um para tomar de imediato e os outros nos dois dias a seguir. Fui comprar uma revista, sentei-me à espera da minha vez, calma e serena, li a revista quase toda enquanto esperei, até às 11.00. Entrei deram-me o tratamento, demora cerca de 1. 45 minutos. Lá conversei com algumas colegas de doença, é um ambiente muito depressivo. Os meus pais trouxeram-me para casa, almoçei e segui um conselho de alguém que já passou pelo mesmo, e já viu passar outros familiares, deitar-me logo a seguir ao tratamento e assim o fiz. Passado meia hora já estava cheia de cólicas, e que demoram cerca de 2 horas, depois vem a fase do enjoo e das tentativas de vómito, mas desta vez com o remédio milagroso que me deram, resisti aos vómitos, mas sempre muito nauseada. Toda a tarde e toda a noite na cama, foi assim o meu dia.

Dia 38 - 23 de Setembro

Mais um dia no meu percurso, com ida ao HSM. De manhã voltei a deixar uma mensagem ao cirurgião, a dizer que parecia que a cicatriz drena menos, mas que não consigo ver bem porque tem os pensos de cicatrização por baixo, como é que mudo o penso se em principio faço quimio amanhã. Não me respondeu à minha mensagem. Eram quase 14h quando cheguei ao HSM, fui fazer análises em apenas 5 minutos, e ainda falam mal do SNS, não há que dizer nada neste ponto. Depois rumei à oncologia, fui atendida talvez 45 minutos depois, a médica quis ver o penso, lá lhe disse que estava a drenar menos, mas que ainda drenava, perguntei-lhe mais umas coisas, sobretudo se faria sentido tirar os ovários em face da doença, disse-me que com a minha idade não se colocaria essa hipotese. Pedi-lhe o relatório médico para efeitos de junta médica, dei-lhe o endereço do meu blog. Ficou de conversar com o Dr. Santos Costa. Saída do HSM, telefonei logo ao Dr. Santos Costa. Atendeu-me, disse-lhe que iria fazer tratamento amanhã, e perguntei-lhe quando teria de ir ao seu consultório. Ele disse-me que assim que eu me sentisse bem, que aparecesse por lá. Estes meus médicos são o máximo. O Dr. Santos Costa tem sido incansável no atendimento telefónico e no consultório. A Dra. Joana é impecável, depois de falar com o cirurgião, ligou-me a confirmar a conversa e a terapêutica.
Amanhã já sabem é um dia difícil. Vamos ver como reajo. Se não colocar novidades, é porque não estou em estado disso. Se não atender aos telefonemas, perdoem-me porque com vómitos e náuseas é difícil. Os que acreditam em Deus, rezem por mim, para que os efeitos do ciclo não sejam tão grandes como da primeira vez e para que eu fique curada.

Dia 37 - 22 de Setembro

Dia normal sem sobressaltos, liguei ao médico pelas 11 horas da manhã, e lá me disse para eu mudar o penso, não precisa de me ver hoje, que alívio, estou farta de idas ao médico e para lhe ir dando notícias do evoluir da drenagem. Perguntei-lhe ainda se a minha médica necessitar de falar com ele, se me autoriza a dar o seu telemóvel. Respondeu afirmativamente.
Ainda de manhã, tratei de um assunto importante, saber se no HSM, haveria alguma comparticipação para as cabeleiras, de facto existe esse apoio, mas não é mediante apresentação de factura, ou seja depois da compra da cabeleira, como eu fiz, mas sim antes. Deveria ter indagado junto da médica, e face a essa necessidade, seria enviado para um departamento do hospital, que posteriormente me chamaria para escolher a cabeleira, num dos seus fornecedores. Assim, se alguém tiver nesta situação, informe-se antes de comprar, não faça como eu. Agora resta-me guardar a factura para apresentar em sede da IRS.
Hoje fiquei o dia quase todo por casa, para ver se isto cicatriza com maior velocidade.

Dia 36 - 21 de Setembro

Lá fui eu direitinha ao IPO, logo pela manhã. Os meus pais, como sempre acompanharam-me. Estive à espera e ,por fim, o cirurgião lá me tratou do meu problema. Verifiquei quando tirou o penso, que em vez de dois pontos de drenagem, como acontecia no sábado, só tinha um, o outro já está em cicatrização. Colocou-me um penso muito fino que ajuda na cicatrização. Lá tivemos a conversar e eu perguntei-lhe directamente se era possível fazer o tratamento de quimio na próxima quinta-feira. Lá lhe expliquei as minhas relutâncias em adiá-lo mais uma vez. Ele disse vamos ver, amanhã telefone-me.
Ao fim da tarde liguei para a minha médica do HSM, expliquei-lhe o sucedido e ela diz que na quarta-feira vai observar-me, mas não lhe parece que seja necessário adiar mais uma vez o tratamento. Vamos ver e esperar com calma. É preciso é que eu consiga.

Dia seguinte - 20 de Setembro

Depois de ontem ter passado um dia mau, hoje estou mais animada, ainda que não haja grandes razões evidentes para isso. Saí, fui passear, almoçar fora, e casa de uns amigos, sempre com a família. Foi agradável, tive bem disposta. Parece que o peito não drena tanto, mas vamos ver amanhã no IPO, onde vou ter com o cirurgião.

Dia 35 - 19 de Setembro

Hoje foi um dia mau, depois da verificação de ontem do peito a drenar novamente, acordei novamente com o penso sujo. De manhã liguei para a minha prima que é enfermeira, combinei que à noite passaria lá em casa para fazer o penso. Entretanto, também deixei um recado no telemóvel do médico, que me respondeu passada meia hora. Disse-me para fazer o penso apenas e não fazer mais nada e se conseguir drenar o peito um pouco óptimo. Muito a custo lá passei o dia a pensar no mesmo, que a quimioterapia fica novamente atrasada e que esta situação é complicada de gerir, porque necessito da quimioterapia " como pão para a boca". Tive todo o dia em casa. À noite lá fui a casa da minha prima, estive distraída e tanto ela como o marido, que é médico, estiveram a ver o meu peito e segundo ele, eu devo insistir com o cirurgião na necessidade de não atrasar o tratamento, mesmo que os pontos não cicatrizem e devo falar com o médico nesse sentido. Ele diz que a quantidade de liquido que o meu peito drena é muito pequena e como tal é perfeitamente possível realizar a quimio com os pontos desta forma.

Dia 34 - 18 de Setembro

Pois é ontem parecia que ia ser um dia calmo, mas já estou a começar ficar habituada a surpresas desagradáveis. Mais uma vez a minha cicatriz está a dar mais trabalho, reiniciou a drenagem, pelos pontos mais antigos. Já estou desesperada, porque eram 21.00 quando dei por isso, tentei falar com o médico, mas por azar já tinha saído às 19.00. Deixei-lhe um recado mas ainda não respondeu. Estou a ver a minha vida a andar para trás, ou seja, se a cicatriz não estiver bem não posso fazer o tratamento na próxima semana. Estou bem aborrecida.

Dia 33 - 17 de Setembro de 2009

Hoje mais uma vez foi dia de análises e consulta de oncologia. De manhã depois de deixar os meus filhos no colégio, fui directa ao HSM. O trânsito em Lisboa voltou a estar insuportável, demorei mais a lá chegar do que a tirar as análises e a voltar. Depois tomei o pequeno-almoço num café à entrada do hospital. Hoje, pela primeira vez, consegui colocar a máscara no hospital e não a tirar o tempo todo, enquanto permaneci no interior do hospital.
À tarde foi tempo de voltar ao HSM para a consulta, tive desde as 14.00 às 18.00. Como calculava não vou fazer tratamento esta semana, fica para a próxima quinta-feira. Mas esclareci algumas dúvidas que tinha, como por exemplo: posso comer fruta crua com casca e saladas, pelo menos em casa, a médica não me deixa associar um medicamento homeopático para retirar os efeitos da quimioterapia, da próxima vez vai-me administrar um medicamento mais poderoso contra o enjoo, não posso fazer ginástica, não devo beber bebidas alcoólicas, etc. A notícia mais importante, foi a da anatomia patológica, está confirmado que o tumor reage positivamente aos estrogénios (ainda que seja um positivo fraco) mas permite fazer terapia hormonal. Este resultado, confirma o resultado obtido no laboratório em França e desmente o do médico patologista que esteve na cirurgia. É estranho, mas é a verdade.
Por último, queria só dizer que estou bem, por enquanto e se a cicatriz não me voltar a aborrecer. Até lá conto com todo o apoio.

Mensagem recebidas

Subject: New Look

Isabelinha: Parece toda glamorosa com o novo look. Já se sabe que a
quimioterapia faz cair os cabelos, e faz sofrer um bom bocado. Se tudo
correr bem o mau vai passar, e os cabelos voltam melhores de que
nunca- La no IPO vi muita rapariga nova com o lençinho na cabeça mas
de cara alegre (pelo menos no exterior). Desejo-lhe que saiba vencer
a tendencia para cair um pouco no lado morbido e que reencontre o
sentido de humor e uma forte vontade de sobrepor estas provações que a
vida lhe
destinou, para bem de todos - de si, do marido e dos filhos.
Bjs - Janet
Esta mensagem é especial, é de uma amiga da minha madrinha, que me conhece desde que eu nasci e que tem sido incansável no apoio que me tem dado. Acho que a mensagem está fantástica

Dia 32 - 16 de Setembro

Hoje começaram as aulas dos meus filhos, apesar de não ter entrado na escola pelas razões evidentes que se relacionam com a minha doença ( precauções com a Gripe A) fui lá levá-los de carro e ajudei-os a preparar a saída em casa, pequeno-almoço, mochilas, etc . Tenho muita pena de não estar OK para poder fazer tudo aquilo que fazia, porque, neste caso, desde sempre fui eu que os acompanhei no primeiro dia de aulas do ano lectivo, mas foi o pai com eles o que é exactamente igual. Perto da hora de almoço tive cá em casa a minha prima Sara, que veio fazer o penso. Pedi-lhe, porque o meu médico pouco desinfecta os pontos, faz-me uma certa confusão, mas a Sara diz que são " modas novas" dos médicos, são alérgicos a Betadine e a compressas. De seguida fui à escola, o Francisco sai às 13.30, já cá estava fora, como lhe pedi, para evitar que eu entre na escola. Fomos para casa almoçar, a Sara também ficou connosco, e a seguir apareceram os meus pais que levaram o Francisco ao Hospital da Luz para fazer uma ecografia renal e vesical. Também não fui, fui aconselhada a evitar ao máximo ambientes hospitalares.
De seguida chegou o Gonçalo da escola e fomos ao Ténis ao fim da tarde. Ontem foi um dia de muitos telefonemas por causa do meu novo visual. Quando cheguei a casa, perguntei aos meus filhos se podia tirar a cabeleira para colocar um lenço. Disseram logo que sim, e gostaram muito de me ver com lenço, pelo menos em casa vai ser assim. Os miúdos estão por enquanto a reagir bem, porque eu também tento estar bem.

Dia 31 - 15 de Setembro


Hoje acordei e não aguentei as centenas de cabelos caídos na almofada, na camisa de dormir, no pescoço, basta passar a mão, sem puxar ,para virem agarrados uma quantidade enorme dos mesmos. Eram 9.30 e já estava no cabeleireiro para rapar o cabelo. Um episódio de ontem à noite, o meu filho Gonçalo descobriu que me estavam a cair muitos cabelos, viu no sofá da sala, e disse para o Francisco, já viste que está cair tanto cabelo à mãe, mas como se fosse um acontecimento bom, são tão engraçadas as crianças, não vêem mal nas mesmas coisas que os adultos, que se conservem assim, porque eles sabem que o cabelo da mãe depois voltará.
Saí do cabeleireiro, com um visual novo, aqui vai uma fotografia. De seguida cheguei a casa com o meu novo look. Os miúdos já tinham visto e aceitaram bem e o Eduardo também. O Francisco queria por força saber de que tamanho estava o cabelo da mãe, lá lhe disse que estava muito rapado, sem dar grandes pormenores. Fomos almoçar fora, e logo no 1º dia do novo look encontrei a minha amiga Teresa, que pensava que eu tinha pintado o cabelo e a seguir a Isabel, minha colega de emprego, sempre bem disposta e muito simpática. De seguida foi tempo de ir mais uma vez ao cirurgião. Parece que os pontos estão bons, mas ainda não são para tirar, lá me tirou mais uma seringa de líquido, mas nem sequer foi cheia. Fico à espera dos vossos comentários.

Dia 30 - 14 de Setembro

Já passaram 30 dias desde que tudo começou, ou seja 30 dias em que houve qualquer coisa relacionada com a doença, que vos tinha de contar. E hoje, com todas estas complicações com a minha cicatriz, mais uma. De manhã lavei o cabelo, depois de o ter cortado na sexta-feira. É impressionante a quantidade de cabelo que cai na lavagem. Mas se pensam que estou careca, ainda não, mas deve faltar pouco. Tento ao máximo, estar bem perante os meus filhos mas na realidade não estou bem hoje. Cheguei ao IPO eram 11.10 e saí de lá pelo 12.15. Claro levei mais um ponto, junto a um buraco que havia no fim da cicatriz que o médico tinha deixado para drenar. Vamos ver se agora não drena. É um ponto de interrogação para logo à noite ou amanhã de manhã se constatar. Amanhã será mais um dia na longa história, porque vou ao consultório do Dr. Santos Costa.

Dia 29 - 13 de Setembro

Parecia que o fim-de semana ia correr bem, altas eram as minhas expectativas. Às 7.00 da manhã de Domingo, acordei outra vez com o penso cheio de sangue. Pronto foi o suficiente, para não dormir mais, chorar e correr para a farmácia de serviço eram 9.00 da manhã. Acabei por ir parar a Oliveira do Hospital, ao Centro de Saúde, onde o Eduardo foi averiguar se me faziam o penso. Foram bem simpáticos, mesmo sem o cartão de utente aceitaram fazer-me o penso. O meu medo era que um dos pontos tivesse rebentado, mas não, foi apenas a parte final da cicatriz que começou a drenar, o cirurgião tinha deixado este espaço para isso, mas não me disse nada. Enfim o fim-de-semana acabou mal e rápido, porque em vez de regressarmos a casa na segunda,teriamos de regressar hoje ao fim do dia para amanhã ir ao IPO ter com o médico. Para além disto, o cabelo cai a um ritmo impressionante, a sensação de dor no couro cabeludo é insuportável, até a cabeça na almofada deitada me doi. Peço para que não me liguem, hoje( dia 14) não me apetece mesmo falar com ninguém.

Dia seguinte - 12 de Setembro

Pois é fui para fora, para perto da Serra da Estrela, mais concretamente Aldeia das Dez. Chegámos perto das 15.00, e ficámos por lá a descansar. O Miguel e a Teresa já lá estavam à nossa espera. O dia correu bem, à noite lá se fez uma patuscada no apartamento alugado, demos uma volta a pé. É sempre agradável o convívio entre amigos.

Dia 28 - 11 de Setembro


Aqui estou eu para descrever mais um dia. De manhã foi tempo de cumprir uma promessa aos meus filhos, ir ao Jardim Zoológico. Há vários meses o pedido andava no ar, hoje foi tempo de promessa cumprida. Levei também comigo a Inês a Leonor. Divertiram-se e eu também.
À tarde, no entanto, importava tomar uma medida. Desde ontem ao fim do dia que sinto uma sensação de couro cabeludo irritado, parece que quando toco, me estão arrancar os cabelos e de facto estão a cair com maior intensidade. É preciso agir depressa, marcar cabeleireiro, cortar curtinho, para não sentir a queda. Assim o fiz durante a tarde. Vou colocar uma foto para verem o meu novo e provisório visual. Nos próximos dias, até dia 14 não colocarei qualquer texto vou estar fora, preciso de me distrair. Depois trarei umas fotografias para verem onde estive.

Dia 27 - 10 de Setembro

Cá estou para mais um dia no médico. Hoje foi dia de ter cá em casa as filhas da minha amiga Isabel, Inês e Leonor. Os miúdos tiveram muito entretidos e divertidos. É bom poder fazer destas coisas. Ou seja a trabalhar na nossa rotina diária, não temos tempo para fazer destas pausas e estar com os nossos filhos, mas sobretudo com os filhos dos nossos amigos. Foi óptimo.
À tarde foi tempo de ir ao cirurgião, ver como estão os pontos da última segunda feira. Lá me fez o penso, confirmei que foram 5 pontos, mas ainda estão muito frescos. O médico é sempre uma simpatia. Na próxima segunda ou terça lá irei novamente. Pode ser que me engane mas tenho um feeling de que o tratamento deve ser adiado.
Tento ao máximo não pensar na minha doença, ou pelo menos tentar fazer a minha vida dentro da maior normalidade possível. A maior parte das pessoas que liga e são muitas, felizmente, dão-me bastante animo, mas a verdade é que eu sou positiva, por natureza e estou, por enquanto, muito bem psicologicamente. Vou tentar aguentar-me sempre assim, com a ajuda de todos, ou pelo menos de quase todos. Para aqueles para quem eu apenas sou um número, com esses eu não conto. Conto sim com os muitos amigos, familiares e mesmo desconhecidos que me têem acompanhado e me apoiam.

Dias seguintes - 8 e 9 de Setembro

Dias normais, mal dormidos, sem posição na cama, uma vez que tenho novamente pontos. De resto voltei à minha vida normal, dentro do possível e sabendo que tenho de conviver com a doença. Agora o que me preocupa é se estes pontos vão cicatrizar como deve ser ,para o próximo tratamento de quimioterapia ser feito na data prevista. A minha amiga lá foi operada, parece que correu bem, mas amanhã dia 10 já saberei mais qualquer coisa.

Dia especial amanhã - 9 de Setembro

Amanhã é um dia especial, peço a todos que leêm o meu blog para "rezarem" ou pensarem na minha amiga Gabriela que vai ser operada à mesma doença que eu. Quantos mais pensarmos nela, mais força ela terá e depressa vai ficar boa. Um beijo muito grande para ela porque esta amiga é especial.

Dia 26 - 7 de Setembro

Hoje foi um dia horrível. Acordei logo de manhã com uma mancha de sangue na camisa dormir e no lençol, sinal de que a cicatriz está pior. Telefonei logo de manhã para o meu cirurgião. Deixei recado como habitualmente. Aguardei uma chamada mas não aconteceu. Entretanto, a cicatriz continuava a sangrar, tanto que no início da tarde tive de ir à farmácia comprar compressas. Às 15h já estava a ligar novamente ao médico.
Entretanto, ia mudando as compressas, e fazendo a minha vida em casa. Quando me preparava para sair com os miúdos para o ténis, telefonou-me o meu médico. Lá me pediu para ir à Clínica da Reboleira. Eram aproximadamente 18h quando ali cheguei. Só fui atendida perto das 20h. Quando o médico tirou o penso, tinha um buraco. Teve de me cozer, novamente com uma pequena anestesia local, mas doeu-me. E saí ainda com dores.
De facto, não me faltava mais nada, só agora mais isto, para complicar um pouco mais. Já estou habituada, parece que as complicações são atraídas por mim, mas não é agradável, sobretudo se isto atrasar o próximo ciclo de quimioterapia, que acho que será o mais provável.

Dias seguintes - 5 e 6 Setembro

Este fim-de-semana é especial, chegaram os meus filhos. No sábado descansei e passeei, preocupa-me apenas a cicatriz que voltou a sangrar no sábado. No Sábado à noite, lá fui esperar os meus filhos, chegaram cheios de mimos e bem dispostos. O Domingo foi um dia de arrumações, tive de descansar várias vezes para conseguir arrumar tudo. Mas já está feito. Ainda fomos ao Parque das Conchas, apareceram as filhas da Isabel S. a própria e o Nuno e os meus pais. lá tivémos a conversar. Por alguns momentos, horas, até me esqueço que estou doente, mas quando volto a lembrar-me não é nada agradável. Mas tento distrair-me ao máximo.

Dia 25 - 4 de Setembro

Hoje fazem anos a minhã mãe, a Gabriela, em vesperas da sua operação, desejo-lhe tudo de bom, e a minha amiga Belinha.
Iniciei o dia como tantos outros, pequeno-almoço, antibiótico, gelo no peito, li um pouco, arranjo-me e fico por casa. Tenho alguma resistência a sair, acabo por ficar em casa, às vezes sem fazer nada de concreto. Vou atendendo os telefonemas dos muitos amigos que me vão telefonando. Chega a hora do almoço, sempre com muito apetite.
À tarde foi tempo de rumar ao consultório do Dr. Santos Costa. Lá esperei um pouco, encontrei a Isabel Silva, estava também a fazer um exame, mas está tudo bem. Enquanto esperava, percebi algumas movimentações que pareciam anormais. Estava uma senhora também à espera de entrar para o consultório, com um lenço na cabeça, o que indicava que estava a fazer a quimioterapia. Mas pelos vistos, debaixo do braço os gânglios tinham inchado, e ela teria de ser operada novamente de urgência. Dizia ela para alguém, que é um caso muito raro, segundo o médico. Enfim, estar doente e andar nos hospitais e consultórios dá destas coisas, vimos a saber de muitos casos. Tive pena dela.
Depois entrei eu, lá me teve a drenar o peito, cada vez me custa mais, mas tem de ser. É cada agulha que ele espeta, que até faz impressão.
De seguida, eu a minha mãe fomos até à Baixa, fazer umas comprinhas, é a primeira vez, desde há muito. Depois fomos para casa da Nónó e de lá seguimos para o restaurante, para jantarmos os 4, os meus pais, a Nónó e eu. O Eduardo como vem sendo hábito à Sexta- feira, sai sempre muito tarde.

Comentário de um amigo brasileiro

Prezada amiga
Isabel era o nome de minha vovó e Isabela o nome de minha filha. Era também o nome da filha de nosso último Imperador D. Pedro II, Isabel a Redentora, que assinou a Lei Aurea, extinguindo a escravatura no Brasil, em 1888. Para mim Isabel é um nome sagrado, nome de quem tem dignidade destacada, de quem é benevolente e que merece proteção divina especial. Peço a Deus que a proteja e que lhe delegue missões de grande importância no por vir. Quero acreditar que a senhora está apenas passando por um acidente de percurso e que em breve estará liberada para retornar à rotina. Mas, com a experiência deste período de enfermidade sua sabedoria está sendo magnificada. Isto, por si só já lhe outorga credenciais para ajudar pessoas, podendo extender-lhes conforto moral e orientação. Pense muito em como fazê-lo, elabore lentamente um plano de ação. Oro pela sua breve reabilitação, augurando-lhe anos felizes pela frente.
De um amigo brasileiro, Walter Taveira.
Não conheço pessoalmente este senhor, mas é primo da Ana Taveira, que muito me tem apoiado com as suas mensagens. Gostava de um dia o conhecer. Pode ser que no futuro nos encontremos uma dia nos Açores.

Dia seguinte - 3 de Setembro

Mais um dia em marcha para a recuperação. Finalmente, a minha empregada chegou de férias e eu de manhã tive duas reuniões com os professores dos meus filhos, para lhes explicar o sucedido e informá-los das interrogações que tenho em relação ao ano lectivo, sobretudo para o meu filho mais velho. Falei-lhes também das minhas preocupações com a Gripe A e as precauções a tomar no meu caso, se aparecer algum caso na escola. A Ana Rita, professora do Gonçalo, que já conheço melhor, foi de uma solidariedade ímpar. Outra coisa não seria de esperar dela, porque é de facto uma pessoa excepcional a todos os níveis. O prof. Simão, que conheço à menos tempo, também me pareceu solidário com as minhas preocupações, mas é natural ser mais reservado, não me conheçe tão bem. Enfim, conto com todo o apoio deles. No final das reuniões vim para casa a pé, pelo Parque das Conchas. Grande Aventura! Claro que tive de descansar pelo meio. Mas hoje é 1º dia, desde o tratamento, já faz uma semana, em que me sinto bem. Como de tudo ,à excepção de saladas ( não se deve enquanto se faz quimioterapia) e café continua-me a enjoar.
À tarde fui tratar da minha "vidinha": correio, livros escolares, talho, etc. Afazeres de uma mãe e "dona de casa"

Dia 24 - 2 de Setembro

Ontem foi dia de ir ao médico, mais concretamente ao Centro de Saúde, renovar a baixa médica. Tanto a minha médica, como a minha prima Sara, que é enfermeira, aconselharam-me a a usar máscara. Mas quem é que consegue utilizar a máscara, parece que fico com falta de ar. É muito complicado. Para entrar, ainda fiz uma primeira tentativa, mas por fim acabei por tirar.
Lá fui atendida e vi a baixa renovada. De seguida ainda fui ao Pingo Doce, para comprar alguns alimentos, mas passados 5 minutos no supermercado já a minha cabeça andava pelos ares. Disse para a minha mãe, tenho de ir imediatamente para casa, comer e descansar. E assim o fiz. No final da tarde ainda fui tratar das actividades físicas dos meus filhos, nomeadamente do Ténis. Já está agendado para começar na próxima Segunda-feira.
De resto, continuo fraca, mas com enorme apetite, o que é bom.
Estranho que os meus leitores não façam comentários e perguntas.

Dia 23 - 1 de Setembro

Hoje é dia de muitos afazeres, apesar de ter acordado muito tarde, continuo com muito sono, tive de ligar para a escola dos meus filhos, marcar reuniões com os professores, para explicar a minha situação e os cuidados que peço à escola em relação à gripe A, para que os meus filhos não tragam a gripe A para casa.
Os meus pais foram ao Hospital da Luz e ao HSM para transportar a peça da operação. E quando eram perto das 17.00 fomos ao consultório do Dr. Santos Costa. Esperei um pouco, mas acabei por pedir à sua assistente que não fosse muito demorada a espera, tenho a cabeça muito tonta da quimioterapia, começo a ficar zonza e cansada e só me apetece ir para casa. Este é o primeiro dia que saio para a rua desde que fiz a quimioterapia. O médico teve a fazer a drenagem do peito, e mandou-me tomar antibiótico. Na sexta-feira volto ao seu consultório.
Hoje, como todos os dias falo com os meus filhos. O Francisco perguntou-me se já me estava a cair o cabelo? Eu disse-lhe a verdade, que não ( para aqueles que não sabem) na verdade ainda não sinto o cabelo mais fraco). E perguntou-me se eu continuava a vomitar? Também lhe disse que não, já tinha passado, que a mãe ainda estava fraca, mas que logo, logo estava mais forte.

Dia seguinte - 31 de Agosto

De madrugada fui supreendida com um pouco de sangue no soutien, na zona da cicatriz da cirurgia. Fiquei preocupada, pelo que logo de manhã apesar das forças ainda serem poucas ,era preciso agir. Liguei para a Clínica da Reboleira, para saber se o Dr. Santos Costa dava consultas nesse dia, responderam-me que só na próxima semana. Em seguida, liguei para a Sra. D. Ana Silva, da cirurgia do IPO, um amor de pessoa, que se lembra sempre de mim, ligo-lhe desde há alguns meses por causa da minha madrinha. Disse-me, que o Dr. Santos Costa, só volta amanhã. O último recurso, era ligar para o próprio cirurgião, para o seu telémóvel, para mim é sempre um último recurso, mas assim o fiz, e deixei uma mensagem de voz.
Entretanto, era importante ir recolher a peça à Luz como eu tinha combinado com a minha médica. Telefonei para a Luz, combinei com a Secretária do Dr. Pedro Oliveira, que no dia seguinte, os meus pais passariam por lá para recolher o material. Um pouco depois estava, o Dr. Pedro Oliveira a contactar-me telefonicamente. A explicar-me, que depois do contacto, com a Dra. Joana Ribeiro, tinha voltado a repetir a análise, que o tumor dava sempre negativo às três hormonas. Ainda me disse que gostaria de falar com a médica, para avaliar a forma como o estudo está a ser desenvolvido e controlado em Paris. Enfim , esta história está a ficar um pouco confusa.
Perto da hora do almoço, o Dr. Santos Costa ligava para o meu telemóvel, expliquei-lhe o sucedido, disse-me para colocar um penso e amanhã passar no seu consultório. Assim, o fiz.
O meu estado continua fraquinho, mas um pouco melhor. Durmo muito e mesmo assim, sinto-me cansada.
À noite fiquei um pouco preocupada, porque a ferida voltou a sangrar. Não consegui dormir nada, só de pensar que a ferida poderia vir a sangrar abundamentemente.

Dias seguintes - 29 e 30 de Agosto

Mais dois dias, foi um fim-de-semana para dormir e me fortalecer. As forças são poucas, no sábado ainda tive alguns episódios de simulação para o vomito, mas consegui resistir e não vomitei. A cabeça e o corpo sempre tontas, a manhã toda passada na cama, com apetites estranhos, maças cozidas, couscous, arroz de pato, foi o primeiro prato que me apeteceu, uvas,, etc Não consegui tocar em leite, em sopa e o café nem pensar.
No domingo, fazia anos o meu filho Gonçalo, claro a tristeza de não ter estado com ele é grande, mas lá consegui passar o dia, sabendo que ele estava feliz na companhia dos avós e tios. Lá lhe fizeram uma festinha com amigos e primos e sei que está feliz. Para mim, que sempre tentei coincidir as férias com o dia de aniversário dele, desde que ele nasceu, e que este ano não consigo estar na sua festa, foi mais difícil. Coisas de mães.

Dia seguinte - 28 de Agosto

O dia seguinte ao tratamento, começou menos mal, não vomitei de manhã, mas sentia-me muito nauseada, a fraqueza era muito grande, mas lá ia comendo muito pouco e só aquilo que me apetecia, mas pelo menos consegui reter os comprimidos da manhã. O dia foi quase todo passado na cama, a dormir ou a descansar. À tarde perto das 16, lá começaram os vómitos, muito menos do que no dia anterior, mas contínuos. À noite com a nova dose de comprimidos lá fiquei um pouco melhor. Consegui atender a poucos telefonemas, essa tarefa ficou para a minha mãe, parte do dia até tive o telemóvel desligado. Agradeço a todos sem excepção que me foram telefonando e enviando mensagens, há mesmo pessoas que o tem feito todos os dias sem excepção, através de mensagens ou telefonemas, são todos uns queridos. Estou encantada com os meus amigos e familiares que não tem parado de dar apoio. A solidariedade humana é maravilhosa. Os meus pais nestes dois dias, ontem e hoje não me deixaram ficar sozinha, esperaram que o Eduardo chegasse a casa, para irem depois descansar.

Dia 22 - 27 de Agosto

Dia comprido este. Levantei-me logo às 6.45, já atrasada, o despertador não tocou e às 7.00 já estava a fazer análises no HSM. As 8.00 era atendida pela minha médica, que sempre sorridente me recebeu dizendo, " tenho boa notícias para si", as boas notícias eram que o estudo da anatomia patológica feito em Paris, o Centro do Estudo em que eu ia participar, diz que o meu tumor reage positivamente em relação aos estrogénios, e como tal vai ser possível fazer tratamento hormonal. Ainda assim, a médica quer que a peça da cirurgia seja recolhida e seja de novo analisada no Hospital de Santa Maria. Vamos ver que surpresa vou ter no fim de isto tudo.
Depois da consulta, em que a médica me explicou que ia fazer o tratamento com a denominação FAC, julgo que é o nome dos três medicamentos que me vão ser injectados, seguiu-se a marcação da quimioterapia, eram 9.00 e já haviam 20 pessoas à minha frente. Fui com os meus pais recolher o meu último exame, uma ecografia pélvica, fui à farmácia comprar alguns medicamentos, nomeadamente IMODIUM, para o caso de ter diarreia como efeito da quimio, e voltei ao Hospital de Dia por volta das 10.30. Ainda esperei mais um pouco, mas por fim lá me mandaram entrar, talvez fossem umas 11.30, 12.00 quando iniciei o tratamento. Estive bem disposta, atender telefonemas, as enfermeiras são umas queridas, muito atenciosas, deram-me alguma literatura com informações sobre os efeitos dos tratamentos, bebi água, comi um pouco, bebi um pacote de leite ( o hospital serve-nos um lanche). Uma das recomendações das enfermeiras é a ingestão de água e quaisquer liquídos, para expelir o mais rapidamente possível o que entrou no nosso corpo.
Quando eram, 14.00 saí do hospital, muito bem disposta, cheguei a casa, comi, não muito porque tinha estado a enfardar, estive no computador a actualizar o blog e só por volta das 16.00 é que começei a ficar nauseada, e aí foi sempre em crescendo, até que começei a vomitar, por volta das 16.30 até às 04.00 da madrugada, foi sempre seguido, sem conseguir aguentar nada no estomago. Quando chegou às 19.30, resolvi telefonar para o hospital e falar com a médica, disse-lhe o que se passava, ela disse-me que podia tomar naquele momento ( inicialmente estava pensado só para a manhã do dia seguinte) o comprimido para o enjoo, e disse-me que caso eu não aguentasse os comprimidos que no dia seguinte teria de ir ao hospital, para receber a medicação anti-enjoo pela veia.
Assim, se passou, até agora foi o dia pior, em termos da minha doença.

Dias seguintes - de 20 a 26 de Agosto

Uma fotografia minha tirada na praia, para aqueles que não tem estado comigo, aqui vai, vejam como estes dias nos Açores me fizeram bem, ao corpo e à alma. Venho nova para receber os químicos.
O magnífico ilhéu de Vila Franca do Campo, belo sítio para tomar um bom banho de mar
Mais uma vista de Água d´Alto, com o hotel Bahia Palace ao fundo
Praia de Água d'Alto, a melhor praia de São Miguel
Vista da Caloura, vista da Praia de Agua-d´Alto

Dias seguintes - de 20 a 26 de Agosto

Vista para a Povoação da Ribeira Quente


Praia da Ribeira Quente, perto das Furnas



Dias seguintes - de 20 a 26 de Agosto

Imagem do Porto da Caloura, onde tomamos banho todos os dias é sítio magnífico
Esta imagem é a vista do quarto em que acordo, todos os dias.



Durante estes dias que passo nos Açores, mais do que vos deixar umas palavras vou deixar algumas imagens deste paraíso na terra.
Tenho estado bem disposta, já falei com o meu filho Francisco acerca dos tratamentos e do futuro próximo e o que é que se vai passar. Falta falar com o Gonçalo, que é mais bébé e não compreenderá tão bem.


Dia 21 - 19 de Agosto

Hoje, fui como previsto à inspecção da Segurança Social. A funcionária com quem eu tinha falado telefonicamente ontem, foi mais uma vez inexcedivel. Substituiu a convocatória que tinha para dia 26 de Agosto, por outra para o dia de ontem. Ou seja, era a 5ª de uma lista de cerca de 30 pessoas. Acho mesmo que esta doença desperta toda a solidariedade, senão, quase toda. Os médicos que me atendenram, foram muito simpáticos, lá me perguntaram o que é que eu tinha, pediram-me o B.I., perguntaram-me qual a minha profissão, qual o local de trabalho, tanto, que ainda conversámos sobre a Fundação Oriente. Disse-lhes ainda quais os tratamentos previstos e forneci-lhes a declaração que possuía da minha médica.
Depois desta burocracia, fui até casa e depois para o Aeorporto. Tive um tempo sozinha no Aeroporto, a pensar em tudo o que me está acontecer, é mau demais, mas entre o mau, há coisas boas: os amigos tem sido impecáveis, mesmo aqueles que não são tão próximos, os meus pais tem estado muito mais próximos, temos estado muito mais tempo o que dá para conversar com calma sobre tantos assuntos. Eu própria, estou mais calma, não vale a pena incomodar-nos com coisas pouco ou nada importantes, quando o que está em jogo é a vida, a saúde ou a falta dela.
À noite foi a chegada aos Açores. No Aeroporto, lá estavam os meus cunhados, Margarida e Rui e os meus sobrinhos, Cristina e João. Seguimos para a Caloura. Foi uma festa quando os meus filhos me viram, o Francisco estava desconfiado que eu ia chegar. Antes de dormir, colocámos a conversa em dia, quiseram ver as minhas cicatrizes, sempre muito meiguinhos. São uns amores.

Dia 20 - 18 de Agosto

Mais um dia, mais exames e mais uma ida ao HSM. Desde Quinta-feira passada, tem sido todos os dias a dirigir-me ao HSM.
Acordei bem disposta, fui ao correio e a outros locais tratar de assuntos, vários ,resolvi ir a pé porque acho que tenho que andar bastante, faz bem a esta doença e à nossa saúde em geral. Quando cheguei a casa, fui surpreendida com uma carta da Segurança Social a informar-me de uma convocatória para exame médico, para no fundo atestar se estou doente ou não. Quem me dera que não estivesse. A convocatória é para o próximo dia 26 de Agosto, dia em que regresso ou regressava dos Açores. Tinha de agir de imediato, assim o fiz liguei para a Segurança Social Directa e depois para os serviços que me enviaram a convocatória. Lá expliquei à senhora, o que se passava, contei-lhe qual era a minha doença, que iria começar os tratamentos, no dia 27 de Agosto e que me ia ausentar de Lisboa por 7 dias. A funcionária, foi muito simpática, penso que quando dizemos o nome da doença, imediatamente se abrem as portas da solidariedade, e assim foi ,vou ao exame médico amanhã à tarde, pelas 14.30, antes de apanhar o avião.
Resolvido este problema, lá fui à tarde levantar o TAC, tudo bem, à excepção de um quisto nos rins, mas a minha médica disse-me que não tem importância. A zona da mama operada, está um pouco inflamada, como o médico, que executou o TAC, já me tinha dito. Mas com o tempo vai ao sítio. A solução é colocar muito gelo. Hoje já coloquei 3 vezes e ainda não vai ficar por aqui. Depois fui fazer um ecocardiograma, tenho o meu coração a funcionar bem e uma ecografia pélvica, na qual o médico encontrou os meus miomas.
A seguir foi seguir para o HSM, para falar com a Dra. Joana. Assim o fiz, entreguei-lhe todos os exames, ela informou-me que a peça da operação já tinha seguido, "by air," para Paris e que tudo aponta para começar o tratamento no dia 27. Fiquei já com marcações de consulta e análises para 27 de manhã, a que se seguirá o 1º tratamento. Ainda falámos vagamente dos meus cuidados com a gripe A, quando iniciar a quimioterapia, segundo a médica devo tomar algumas precauções. Quem me deu hoje alguns conselhos sobre o assunto, foi a enfermeira Rita ( da Saudigest, empresa que acompanha os funcionários da Fundação Oriente no âmbito da Medicina no trabalho), tem sido uma jóia e vou seguir as suas recomendações.
As minhas oscilações de humor são variáveis, às vezes acordo muito bem disposta, mas basta durante o dia falar com alguém que me diz qualquer coisa, que me desperte para algum pensamento menos positivo para ficar logo a magicar na doença e no meu futuro e dos que me rodeiam.

Dia 19 - 17 de Agosto

Estou bastante activa sempre dentro das minhas limitações de colocar gelo várias vezes ao dia o que me obriga a estar deitada. De resto, tenho tratado de vários assuntos pendentes. Sinto-me bem, mas com muito medo do que vem a seguir, sobretudo dos efeitos da quimioterapia, se me vou sentir muito enjoada. Sobre isto tem obtido alguma informação na internet: -
  1. - http://www.msd.pt/content/patients/sua_saude/cancer/emese/emese.html;
  2. - www.pop.eu.com/, trata-se do portal da oncologia português, dispõe muita informação sobre este tipo de doenças;
Parecia que ia ser um dia calmo, enganei-me, cerca das 15.h ligou-me a minha medica oncologista, Dra. Joana Ribeiro, (tenho um feeling que nos vamos entender muito bem), a dizer que para ser mais rápido a minha inclusão no estudo, teria que ser eu a levantar parte da peça da cirurgia e entregar-lhe a mesma no HSM. Disse-lhe imediatamente, que o faria ou ainda hoje ou amanhã. Depois de desligar o telefone, foi ligar para os meus pais, para que eles viessem, fomos ao Hospital Luz, apesar de alguma demora com complicações administrativas, demosntrativas de alguma inexperiência, mas por fim lá apareceu o médico, muito simpático e eficiente e prontamente resolveu todos os aparentes anteriores entraves. De seguida fui ao IPO, recolher a minha cintigrafia óssea, parece que está tudo bem, não há sinais da doença nos ossos. Depois foi chegar ao HSM, fornecer o material recolhido à médica e dei por terminadas as minhas tarefas inerentes ao meu "estado clínico". Ainda fui à seguradora, entregar mais umas despesas de saúde, que espero que sejam as últimas, uma vez que agora já estou isenta de pagamento de taxas moderadoras e, como estou a tratar-me num hospital público, farei os exames por lá. Ao fim da tarde, foi tempo de estar com a minha amiga Isabel Saraiva e com as suas filhas Inês e Leonor, estivémos tão sossegadas em amena conversa de fim de tarde. Foi um dia um pouco cansativo mas estive distraída.