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Este blog foi criado essencialmente criado para contar os episódios desta fase da minha vida. Tenho tantos familiares e amigos a quererem saber como descobri que estava doente e como estou no momento presente, que decidi contar tudo aqui, neste espaço, etapa por etapa, dia a dia.

Dia 57 - 30 de Outubro (continuação)

À tarde fui ao consultório da cirurgião, parece que está tudo bem, voltou a picar-me para verificar se havia liquido, diz que não e que estou pronta para o próximo tratamento na Terça-feira. Quando cheguei a casa estava estourada, de tanto andar para um lado e para o outro. Ainda tive de fazer contas com a minha empregada que veio ontem pela última vez.

Dia 57 - 30 de Outubro

Esta minha história parece uma tragi-comédia. É verdade ontem à noite os pontos mais recentes começaram a drenar, muito pouco, mas é sinal que a QT vai ficar adiada. Hoje de manhã nem sabia bem o que fazer, se me dirigia ao HSM ou telefonava ao cirurgião. Fiz as duas coisas, dirigi-me ao HSM e quando já estava lá liguei ao Dr. Santos Costa. Deixei recado, passado 10 minutos estava a ligar-me, disse-me para eu adiar o tratamento e ir hoje à tarde ao consultório. No hospital, dirige-me ao secretariado e pedi para falar com um médico, já que a minha médica não estava. Fiquei à espera, mas entretanto, enviei uma mensagem escrita à minha médica. Também passados alguns minutos estava a ligar-me. Enviou-me para casa e voltarei segunda à tarde.
Para me animar fui arranjar as unhas.
Entretanto, esta minha doença tem sido, por coincidência, um reencontro com locais e pessoas do meu passado. Comecemos pelos locais: o cirurgião é na Av. da Liberdade, local em que passsei tantos anos, tantos passeios com as minhas colegas, Ana Lúcia, Isabel S ,Sebastião, Isabel VS à hora do almoço. O HSM também me faz lembrar os tempos da faculdade de quando iamos à Cantina Velha almoçar, a refeição macrobiótica, com a Isabel, o Miguel, a Sofia e tantos outros.
Agora passemos às pessoas: primeiro foi uma vizinha da casa dos meus pais, a tal que já morreu e hoje vejo passar uma amiga do Faial, tive a certeza de que era ela, mas antes fui perguntar às administrativas, confirmaram-me o seu nome, pois é re-encontrei a Sara Silveira, irmã do Pedro e do Paulo, meus amigos do Faial, trabalha no serviço de oncologia. Foi bom este re-encontro, ela está na mesma, ficou triste por eu estar doente, mas eu transmiti-lhe que estava bem.
Vamos ver que surpresas agradáveis ainda vou ter no que se trata re-encontros.

Dia 56 - 29 de Outubro

Cá estou eu novamente, para vos comunicar que amanhã é dia do 3º ciclo de quimioterapia. O cirurgião considerou que eu podia fazer tratamento e a oncologista também. Aqui vou eu. Como sabem vou estar ausente nos próximos dias. Um beijo a todos pelo apoio e continuem a deixar as vossas mensagens, dão-me animo.

Dia seguinte - 28 de Outubro

Dia preenchido com os afazeres normais, nada de médicos, por hoje. Fui sair com a minha mãe de manhã e à tarde fiquei por casa com o meu filho mais velho. Ao fim da tarde foi tempo de ir ao ténis com os dois. O peito continua bem.
Hoje chegaram-me comentários de muitas pessoas que tiveram a mesma doença, é bom saber que contamos com a solidariedade de todos, não todos mas de quase todos. Há alguns de teimam em ignorar que estou doente, talvez tenham muito que fazer !!!. Mas desses eu não preciso.

Dia 55 - 27 de Outubro

Hoje foi um dia positivo e negativo. Comecemos pelas más notícias. Fui surpreendida com um telefonema de uma amiga e vizinha de infância a Jô, a comunicar-me que a mãe, a D. Lucília, morreu ontem de cancro da mama. Tinhamo-nos encontrado em Agosto no HSM, fiquei muito impressionada com o seu estado. Agora, depois de ter pensado várias vezes em telefonar-lhe, chegou a triste notícia. A D. Lucília, vivia no 3º dto e nós no 2º dto, a Jô é da idade do meu irmão, e passava-mos a vida em casa uns dos outros ou nas escadas a brincar com as bonecas. A D. Lúcília era uma boa pessoa, era modista, como se dizia nesse tempo, tinha a idade do meu pai. A doença anunciou-se tardiamente, porque não fazia mamografias. Tenho muita pena dela e da sua família.
As boas notícias, já tenho empregada, e a melhor de todas, fui ao médico, e pela primeira vez depois de muito tempo parece que o meu peito não tem liquido, está a fazer uma cova no local em que se formava o liquido e é sinal que vou poder fazer o tratamento, mas talvez só seja na próxima semana. A verdade é que tenho muito medo do que possa acontecer.

Dia seguinte - dia 26 de Outubro

Depois de um fim-de-semana passado em casa, Segunda-feira, apetecia-me sair. Assim, foi arranjei-me e fui a Alvalade, tratar de burocracias inerentes ao seguro de saúde. Depois vim para casa, ainda não tenho o problema da empregada doméstica resolvido, hoje faço mais uma entrevista, e uma das que aceitou vem experimentar. A da entrevista, gostei dela, coincidência das coincidências, teve a mesma doença que eu há 2 anos.
À tarde tive por casa, com o meu filho mais velho. Ao fim da tarde já estava bastante cansada, não é bem cansada, mas sinto o peito pesado.
Há muitos leitores do meu blog que não se manifestam por escrito, espero que a boa notícia vos incite a deixar o vosso comentário. De qualquer forma obrigada a todos.

Dias seguintes - 24 e 25 de Outubro

A minha vontade de andar de um lado para o outro ao fim-de-semana é pouca enquanto o problema da cicatriz não estiver resolvido. Assim foi, fim-de-semana caseiro, para que não suceda qualquer imprevisto. Descansei, li os meus livros, ajudei os meus filhos no estudo. Ao início do dia estou sempre bem, mas ao fim da tarde e noite sinto sempre o peito pesado, não percebo bem o que se passa, mas provavelmente é dos pontos.

Dia 54 - 23 de Outubro

A manhã foi passada por casa, para que a cicatriz evolua positivamente. À tarde, fui ao médico, mas antes ainda houve tempo para tomar um café com o João Luís, que estava cá de passagem e teve a simpatia de vir ter comigo para conversarmos um pouco. São assim os amigos. Acho que me achou bem, mas só ele pode confirmar. A seguir foi a espera no consultório do médico, como já vem sendo habitual. Quando chegou a minha vez, enfiou a seringa, mas ao contrário do que fazia supor não havia líquido. Depois foi voltar para trás e ainda ir ao ténis com o meu filho mais velho. Os meus dias são dedicados à doença e aos filhos. Quem me dera que fosse só aos últimos.

Dia 53 - 22 de Outubro

Acordei tarde, tenho descansado bastante esta semana, a cicatriz também não me dá grande mobilidade. À tarde fui ao HSM, à consulta, fui a 1ª doente a ser atendida, disse às empregadas que a seguir ainda teria de ir a outro médico, como sempre, muito simpáticas atenderam ao meu pedido, logo que a médica chegou, chamou-me. Lá lhe expliquei o sucedido, ainda se foi aconselhar com a Dra. Leonor, não conheço, acho que ainda não a vi, e depois confirmou a necessidade de adiar o tratamento, pelo menos mais uma semana.
A seguir os meus pais deixaram-me no Metro, lá fui para o cirurgião, drenou-me um pouco o peito, mas a verdade é que não tinha grande quantidade de líquido. Eu disse-lhe que preferia ir lá amanhã, acho que mais vale o sacrifício de ir e conseguir ficar boa. Já passavam das 19h quando cheguei a casa.

Dia seguinte - 21 de Outubro

Hoje é o unico dia da semana, em que não vou ver médicos, fantástico. Imaginem como eu já estou farta, sobretudo da espera de ser atendida por eles.
Hoje coloquei à prova os meus dotes de recrutamento de pessoal doméstico, foram duas. Gostei delas, parece é que querem ganhar mais do que aquilo que eu ofereço. Lanço um desafio, alguém que conheça pessoal que queira trabalhar, envie-me os contactos, tenho até ao fim de Outubro para arranjar uma empregada.
De resto, o dia foi em casa, com os meus filhos.

Dia 52 - 20 de Outubro

Hoje para além das preocupações com a cicatriz ainda tenho mais uma, recebi uma carta da minha empregada a despedir-se, ou seja só cá fica até ao fim do mês. Como tal, aqui estou eu a procurar por outra. Passei a manhã em contactos para telefonar para alguns locais para ver se consigo arranjar algumas candidatas.
Ao fim da tarde fui ao cirurgião, lá levei mais um ponto ou dois, nem sei quantos, vamos ver o que isto dá. Entretanto, os restantes pontos parecem já estarem cicatrizados. Vamos ver o que acontece nos próximos dias.
Quando cheguei a casa estava com dores, tomei um Benuron e deitei-me cedo.

Dia 51 - 19 de Outubro

Levantei-me cedo, fui para o IPO às 10.30, mas só fui atendida perto do 12.30. Contei-lhe o sucedido, teve a espremer mais algum líquido e colocou-me um penso. Amanhã vou levar mais uns pontos no consultório. Ainda lhe perguntei se esta situação se devia ao facto do tumor ser um pouco grande e eram dois e por isso ter criado um buraco grande. Mas ele diz que não, que isto acontece em buracos grandes ou pequenos.
Entretanto, quando cheguei a casa deixei um recado na minha médica oncologista, para saber o que se está a passar, e na assistente do cirurgião, para saber que eu vou ao consultório amanhã. A minha médica do HSM, ao fim da tarde estava a responder-me ao telefonema. Disse-me para eu não fazer análises, mas para ir à consulta.

Dia seguinte - 18 de Outubro

Face aos acontecimentos da véspera, o que posso fazer hoje, ficar o mais quieta possível, de preferência deitada, para ver se isto não fica mais complicado. Claro que não estou bem psicologicamente, isto está a ser muito difícil de ultrapassar. A Isabel S, esteve cá em casa à tarde, tive um pouco distraída e tenho aproveitado para ler. Desta vez já nem enviei uma mensagem ao médico. Na segunda-feira, logo vejo o que ele me diz.

Dia 50 - 17 de Outubro

Passei o dia por casa, continuo a não me sentir bem, à excepção de ter ido ao café com a minha amiga Zai e o meu filho Gonçalo. Durante a noite, já eram 7.00 da manhã tive um mais uma surpresa desagradável, o pele rebentou novamente, com o excesso de liquído, por cima dos pontos, desta vez a quantidade de líquido era enorme, corria pelo meu corpo abaixo, quando tirei o penso.

Dia 49 -16 de Outubro

Hoje acordei com a sensação de peito muito pesado, tal e qual como na noite anterior. À tarde fui ao cirurgião. Tirou-me 3 seringas de líquido em 3 locais diferentes, mas mesmo assim não me sinto muito aliviada. Receitou-me antibiótico, pelos vistos as coisas não estão lá muito bem. Vim para casa, voltei a deitar-me, apenas fazendo o mínimo indispensável.

Dia 48 - 15 de Outubro

Hoje é um dia especial, faz 3 meses que a minha amiga Rita morreu, tenho-me lembrado dela, como não podia de ser. Hoje fui de manhã ao cabeleireiro com a minha cabeleira, para lavar e arranjar, estou com um look um pouco diferente. À tarde foi tempo de ir ao hospital, primeiro fazer análises e depois à consulta com a médica. Já sabia do meu problema, através do SMS que lhe tinha enviado, lá lhe expliquei melhor o sucedido. Concordou que não podia fazer o tratamento na data programada e como tal teria que se adiar para a proxima semana, sexta-feira, dia 23.
Tambem falei hoje coma minha amiga Gabriela, que vai iniciar a quimioterapia amanhã, desejo-lhe toda a sorte do mundo. Um beijinho muito grande para ela.
À noite senti o peito muito pesado, deitei-me muito cedo, porque só deitada me sinto aliviada.

Dia seguinte - 14 de Outubro

Dia normal, sem sobressaltos. Fiz a minha vida de todos os dias, de manhã fui tratar de alguns assuntos, ao almoço esperei pelo meu filho mais velho, e à tarde tive a orientá-lo nos estudos. Ao fim da tarde levei os dois ao ténis.

Dia 47 - 13 de Outubro

Dormi até tarde, tenho uma necessidade enorme de descansar. Fiquei por casa de manhã a preparar-me para a tarde. Mas às 12.30 a Raquel veio ter comigo para almoçarmos juntas. Foi agradável. Depois deixou-me nos Restauradores. Ainda dei um "pulinho" à Mango e comprei uma T-shirt. Depois foi a espera no cirurgião. Uma hora e qualquer coisa. Viu a cicatriz, tirou-me uma seringa de liquido. Aliás, desde manhã que estava com uma comichão na cicatriz, depois de tirar o líquido e mudar o penso a impressão passou-me. Disse-me que o tratamento ficaria adiado por dois ou três dias. Não acredito lá muito, mas vamos ver o que diz a oncologista amanhã.
Depois foi tempo de vir para casa, ajudar os meus filhos nos TPC. Hoje não há actividades extra-curriculares, que bom fico por casa.

Dia seguinte - 12 de Outubro

Dia calmo. Fui ao oculista de manhã e a tarde foi por casa. Fui apenas recolher o Gonçalo à escola. A cicatriz está sossegada. Amanhã é dia de médico, vamos ver o que ele diz.

Dias seguintes - 10 e 11 de Outubro

Fim-de semana calmo, no que diz à minha cicatriz e ao que fiz. No sábado fiquei em casa de manhã, com excepção de ter ido à farmácia e tomar um café. Os miúdos foram jogar ténis de manhã, à tarde estiveram ocupados com os seus deveres escolares. Apareceu por cá a Isabel S. com a Inês, fomos até ao Parque das Conchas. Estivemos a pôr a conversa em dia. Ao fim da tarde, foi tempo de comprar uns ténis ao meu filho mais velho e umas calças de ganga. Depois, fui jantar a casa da minha mãe.
No Domingo, fomos almoçar fora e votar, a cicatriz continua calma, mas eu estou preocupada, o adiamento do tratamento causa-me alguma inquietação, por causa da evolução da doença. Mas guardo essa preocupação para mim. Esta doença apesar da muita solidariedade que gera, é muito solitária ou então sou eu que a vivo assim.

Dia 46 - 9 de Outubro

Mais um dia rumar ao médico. Hoje já não tenho dores e é o primeiro dia em que saio, desde quarta-feira. Perto da 14.30 fui para os Restauradores, onde está localizado o consultório do cirurgião. Fui a 1ª a ser atendida, tirou-me o penso, para mim a cicatriz ainda está muito fresca. Tirou uma seringa de líquido, colocou-me novo penso, e pediu-me para lá ir na próxima terça-feira. Disse-lhe que tinha tido muitas dores. Em relação à quimioterapia, não me disse nada em concreto. Mas a verdade é que tenho grandes dúvidas em relação à próxima sessão. Gostaria de já ter falado com a minha médica oncologista, mas vou esperar até à próxima consulta. Não sei qual é a solução para o meu caso, mas levar novamente pontos não é de certeza uma opção. Em seguida, ainda fui ao pediatra com os meus filhos, os meus pais fizeram o favor de me levar e trazer, ainda não conduzo.

Dia seguinte - 8 de Outubro

Dormi muito porque a noite anterior foi mal dormida, apesar de me ter levantado cedo, o Gonçalo foi para um passeio com a escola, por isso tive de orientar algumas coisas. O dia foi passado por casa sem fazer grande coisa. Estou inválida nesta fase.

Dia 45 - 7 de Outubro

Mais um dia, parece que voltei a Julho, uma vez que vou novamente para a Reboleira. De manhã estive calma, eram 14.00 quando lá cheguei. Depois de esperar algum tempo pelo médico à porta do bloco. Lá apareceu e depois dele veio uma empregada que nos encaminhou à recepção. Tratei da burocracia, fui para um quarto, vesti-me com uma bata e esperei que me chamassem. Assim que cheguei ao bloco, começo a fazer uma mentalização para não ficar nervosa. Desta vez consegui. Entrei na sala, lá despi da cintura para cima, colocaram à minha volta vários panos e lá se iniciou a "carnificina". Não doeu, o cirurgião esteve sempre concentrado, os enfermeiros iam conversando comigo, depois entrou outro cirurgião, que esteve ajudar, a maioria do tempo não percebo nada do que eles dizem pedem instrumentos, cujos nomes eu não conheço. A linguagem médica é uma linguagem à parte. Ainda entrou o anestesista, também conversei com ele, sobre o propofol, que matou o Micheal Jakson. Sente-se apenas o sangue a escorrer à nossa volta, é desagradável e quando acabou ainda vi os panos à minha volta todos com sangue.
Depois de sair do bloco, começaram as dores, tomei logo um Benuron, e vim para casa. Sinto-me bastante pior do que quando fiz a cirurgia inicial. O meu filho Francisco passou a noite depois do jantar e até ir para a cama a dar-me beijinhos. A noite foi em claro, sem pregar ollho.

Dia 44 - 6 de Outubro

Levantei-me cedo e quando eram perto das 10.00, liguei ao cirurgião. Estava desligado o telefone, mas deixei-lhe uma mensagem. Passados 5 minutos estava a ligar-me. Disse-me que eu deveria ir ter com ele ao hospital ou ao consultório. Como a situação é urgente, eram 11.30 e lá estava eu e a minha mãe no IPO, mais uma vez. Dei o meu cartão à assistente do médico e esperei. Enquanto esperava, ainda houve tempo para ir ver a minha madrinha, que iniciou hoje a radioterapia. Lá estava, sempre bem disposta a conversar com outros doentes, enquanto esperava e acompanhanda pela sua amiga Janet.
Quando eram 12.00 o médico chamava-me, tirou o penso, desta vez eram já dois buracos na cicatriz, tirou-me um dos pontos. Disse-me que amanhã, deverei ir ter com ele à Reboleira. Vou novamente ao bloco, desta vez vai abrir, limpar os tecidos mortos e cozer novamente. Que mais posso esperar. O resto do dia foi por casa, com alguns telefonemas de amigos e familiares. Ainda enviei um sms à minha médica oncologista, a comunicar o sucedido, mas não obtive resposta. À noite foi tempo de tomar um Lexotan, tenho de dormir bem e não pensar muito sobre o amanhã.

Dia 43 - 5 de Outubro

Hoje foi mais um dia de surpresas desagradáveis. Ao mudar o penso da cicatriz logo pela manhã, confrontei-me com um buraco sobre os pontos. Enfim, lá está minha vida a andar para trás. Foi dia de ficar quietinha em casa, para que não se agravasse. O Eduardo foi trabalhar, os miúdos à tarde foram ao cinema com um amigo. Entreti-me durante a tarde a fazer o jantar. Deu-me gozo, preparar um prato novo de massa para os meus filhos. Não dá para ficar só a pensar, no que é que me vai acontecer amanhã. À tarde envieei um sms ao meu médico. Não me respondeu. Vamos ver o que acontece amanhã.

Dias seguintes - 3 e 4 de Outubro

O fim-de-semana parecia que ia ser animado. No sábado, fomos a casa da Ro ( mãe de um amigo do Francisco), fantástica assim que soube que eu estava doente, telefonou-me e mais do que isso, quis animar-me e mostrar a sua solidariedade e dessa feita convidou-me para lanchar e jantar na sua casa. Foi uma tarde muito agradável. Há pessoas fantásticas, a Ro é uma delas, revelou-se uma grande amiga, com um grande coração, é o verdadeiro espírito cristão. À noite tive mais uma surpresa desagradável, a meio da noite a minha cicatriz dava sinais de drenagem. Como podem verificar tenho razões para estar traumatizada.
No Domingo, fui a casa de uns primos, foi o aniversário do filho, também estive distraída animada. O convívio social é muito importante para mim durante estes fins-de-semana em que estou sem tratamentos. O Claúdio que é psiquiatra, prontificou-se para me fornecer alguns anti-depressivos, caso eu venha a necessitar. Julgo que não vai ser necessário. Vamos ver como caminham estas minhas complicações.

Dia 42 - 2 de Outubro

Hoje foi dia de renovar a baixa médica.Fiz a minha vida normal, por casa quase sempre e ao fim da tarde lá fui ao Centro de Saúde. Lá esperei um pouco e por fim mais um médico desconhecido a quem tenho que contar a mesma história. Agora resumo-a muito pouco, estou farta de repetir a mesma coisa. Como não tenho médico de família, este é o meu fado. Mas o médico, até foi simpático, disse-me que é para estas doenças que as baixas médicas servem, a senhora merece mais do que alguém esta baixa, porque estas doenças são dolorosas.
À noite fui com a Raquel , Madalena e os meus filhos à Av. de Roma comer um gelado.

Dia 41 - 1 de Outubro

Hoje era um dia importante, porque fui ao hospital para fazer análises. Se o sangue não estivesse bem ( mais concretamente os glóbulos brancos) teria de levar uma injecção. Assim foi, depois do almoço, rumei ao hospital, esperei um pouco, e depois vim para casa. Eram perto das 17 horas, quando liguei para a minha médica, disse-lhe que era por causa do resultado das análises que estava a ligar. Prontamente, lhe dei o número do meu processo, e ela procurou no computador. Disse-me que o sangue estava óptimo. Ainda me perguntou como estava o peito e antes como tinha sido a reacção, desta vez, ao tratamento. Impecável, a Dra. Joana Ribeiro, com tantos doentes, lembra-se de cada caso, mesmo ao telefone e com certeza com outro doente à frente dela. Fantástico.
De resto o dia foi normal, por casa para não me cansar muito. Só à noite é que voltei a sair para ir a uma reunião no colégio dos meus filhos. O Gonçalo, ficou tão contente por eu ir, quando trouxe a carta para casa, disse-me eu já sei que a mãe não pode ir, mas vai haver uma reunião. Eu enchi-me de força e lá fui. Para lhes mostrar que a mãe também não está assim tão incapaz para fazer determinadas coisas.
Ainda não vos confessei uma coisa, estou um pouco traumatizada, com a cicatriz, passo o dia a e noite a ver se drena, através do penso é claro. Julgo que não é para menos ,depois dos sustos que apanhei com ela.

Dia seguinte - 30 de Setembro

Lá vou recuperando devagarinho, mas ainda com pouca "genica". Hoje vou tentar fazer a minha vida normal, mas a verdade é que ainda não consigo, dou um passo fora de casa e logo tenho de me encostar para descansar. Passei a manhã em casa, fui recolher o Francisco à escola às 13.45. Lá tivemos juntos toda a tarde. O meu filho mais velho quando me vê mais fraca fisicamente, porque psicologicamente tento estar sempre bem ao lado deles, enche-me de beijinhos, acho que assim me cura e eu fico boa. É mesmo um mimo este filho.
Continuo a dormir mal, acho que vou ter de recorrer mais vezes ao Lexotan, como aliado para dormir.