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Este blog foi criado essencialmente criado para contar os episódios desta fase da minha vida. Tenho tantos familiares e amigos a quererem saber como descobri que estava doente e como estou no momento presente, que decidi contar tudo aqui, neste espaço, etapa por etapa, dia a dia.

Dia seguinte - 28 de Agosto

O dia seguinte ao tratamento, começou menos mal, não vomitei de manhã, mas sentia-me muito nauseada, a fraqueza era muito grande, mas lá ia comendo muito pouco e só aquilo que me apetecia, mas pelo menos consegui reter os comprimidos da manhã. O dia foi quase todo passado na cama, a dormir ou a descansar. À tarde perto das 16, lá começaram os vómitos, muito menos do que no dia anterior, mas contínuos. À noite com a nova dose de comprimidos lá fiquei um pouco melhor. Consegui atender a poucos telefonemas, essa tarefa ficou para a minha mãe, parte do dia até tive o telemóvel desligado. Agradeço a todos sem excepção que me foram telefonando e enviando mensagens, há mesmo pessoas que o tem feito todos os dias sem excepção, através de mensagens ou telefonemas, são todos uns queridos. Estou encantada com os meus amigos e familiares que não tem parado de dar apoio. A solidariedade humana é maravilhosa. Os meus pais nestes dois dias, ontem e hoje não me deixaram ficar sozinha, esperaram que o Eduardo chegasse a casa, para irem depois descansar.

Dia 22 - 27 de Agosto

Dia comprido este. Levantei-me logo às 6.45, já atrasada, o despertador não tocou e às 7.00 já estava a fazer análises no HSM. As 8.00 era atendida pela minha médica, que sempre sorridente me recebeu dizendo, " tenho boa notícias para si", as boas notícias eram que o estudo da anatomia patológica feito em Paris, o Centro do Estudo em que eu ia participar, diz que o meu tumor reage positivamente em relação aos estrogénios, e como tal vai ser possível fazer tratamento hormonal. Ainda assim, a médica quer que a peça da cirurgia seja recolhida e seja de novo analisada no Hospital de Santa Maria. Vamos ver que surpresa vou ter no fim de isto tudo.
Depois da consulta, em que a médica me explicou que ia fazer o tratamento com a denominação FAC, julgo que é o nome dos três medicamentos que me vão ser injectados, seguiu-se a marcação da quimioterapia, eram 9.00 e já haviam 20 pessoas à minha frente. Fui com os meus pais recolher o meu último exame, uma ecografia pélvica, fui à farmácia comprar alguns medicamentos, nomeadamente IMODIUM, para o caso de ter diarreia como efeito da quimio, e voltei ao Hospital de Dia por volta das 10.30. Ainda esperei mais um pouco, mas por fim lá me mandaram entrar, talvez fossem umas 11.30, 12.00 quando iniciei o tratamento. Estive bem disposta, atender telefonemas, as enfermeiras são umas queridas, muito atenciosas, deram-me alguma literatura com informações sobre os efeitos dos tratamentos, bebi água, comi um pouco, bebi um pacote de leite ( o hospital serve-nos um lanche). Uma das recomendações das enfermeiras é a ingestão de água e quaisquer liquídos, para expelir o mais rapidamente possível o que entrou no nosso corpo.
Quando eram, 14.00 saí do hospital, muito bem disposta, cheguei a casa, comi, não muito porque tinha estado a enfardar, estive no computador a actualizar o blog e só por volta das 16.00 é que começei a ficar nauseada, e aí foi sempre em crescendo, até que começei a vomitar, por volta das 16.30 até às 04.00 da madrugada, foi sempre seguido, sem conseguir aguentar nada no estomago. Quando chegou às 19.30, resolvi telefonar para o hospital e falar com a médica, disse-lhe o que se passava, ela disse-me que podia tomar naquele momento ( inicialmente estava pensado só para a manhã do dia seguinte) o comprimido para o enjoo, e disse-me que caso eu não aguentasse os comprimidos que no dia seguinte teria de ir ao hospital, para receber a medicação anti-enjoo pela veia.
Assim, se passou, até agora foi o dia pior, em termos da minha doença.

Dias seguintes - de 20 a 26 de Agosto

Uma fotografia minha tirada na praia, para aqueles que não tem estado comigo, aqui vai, vejam como estes dias nos Açores me fizeram bem, ao corpo e à alma. Venho nova para receber os químicos.
O magnífico ilhéu de Vila Franca do Campo, belo sítio para tomar um bom banho de mar
Mais uma vista de Água d´Alto, com o hotel Bahia Palace ao fundo
Praia de Água d'Alto, a melhor praia de São Miguel
Vista da Caloura, vista da Praia de Agua-d´Alto

Dias seguintes - de 20 a 26 de Agosto

Vista para a Povoação da Ribeira Quente


Praia da Ribeira Quente, perto das Furnas



Dias seguintes - de 20 a 26 de Agosto

Imagem do Porto da Caloura, onde tomamos banho todos os dias é sítio magnífico
Esta imagem é a vista do quarto em que acordo, todos os dias.



Durante estes dias que passo nos Açores, mais do que vos deixar umas palavras vou deixar algumas imagens deste paraíso na terra.
Tenho estado bem disposta, já falei com o meu filho Francisco acerca dos tratamentos e do futuro próximo e o que é que se vai passar. Falta falar com o Gonçalo, que é mais bébé e não compreenderá tão bem.


Dia 21 - 19 de Agosto

Hoje, fui como previsto à inspecção da Segurança Social. A funcionária com quem eu tinha falado telefonicamente ontem, foi mais uma vez inexcedivel. Substituiu a convocatória que tinha para dia 26 de Agosto, por outra para o dia de ontem. Ou seja, era a 5ª de uma lista de cerca de 30 pessoas. Acho mesmo que esta doença desperta toda a solidariedade, senão, quase toda. Os médicos que me atendenram, foram muito simpáticos, lá me perguntaram o que é que eu tinha, pediram-me o B.I., perguntaram-me qual a minha profissão, qual o local de trabalho, tanto, que ainda conversámos sobre a Fundação Oriente. Disse-lhes ainda quais os tratamentos previstos e forneci-lhes a declaração que possuía da minha médica.
Depois desta burocracia, fui até casa e depois para o Aeorporto. Tive um tempo sozinha no Aeroporto, a pensar em tudo o que me está acontecer, é mau demais, mas entre o mau, há coisas boas: os amigos tem sido impecáveis, mesmo aqueles que não são tão próximos, os meus pais tem estado muito mais próximos, temos estado muito mais tempo o que dá para conversar com calma sobre tantos assuntos. Eu própria, estou mais calma, não vale a pena incomodar-nos com coisas pouco ou nada importantes, quando o que está em jogo é a vida, a saúde ou a falta dela.
À noite foi a chegada aos Açores. No Aeroporto, lá estavam os meus cunhados, Margarida e Rui e os meus sobrinhos, Cristina e João. Seguimos para a Caloura. Foi uma festa quando os meus filhos me viram, o Francisco estava desconfiado que eu ia chegar. Antes de dormir, colocámos a conversa em dia, quiseram ver as minhas cicatrizes, sempre muito meiguinhos. São uns amores.

Dia 20 - 18 de Agosto

Mais um dia, mais exames e mais uma ida ao HSM. Desde Quinta-feira passada, tem sido todos os dias a dirigir-me ao HSM.
Acordei bem disposta, fui ao correio e a outros locais tratar de assuntos, vários ,resolvi ir a pé porque acho que tenho que andar bastante, faz bem a esta doença e à nossa saúde em geral. Quando cheguei a casa, fui surpreendida com uma carta da Segurança Social a informar-me de uma convocatória para exame médico, para no fundo atestar se estou doente ou não. Quem me dera que não estivesse. A convocatória é para o próximo dia 26 de Agosto, dia em que regresso ou regressava dos Açores. Tinha de agir de imediato, assim o fiz liguei para a Segurança Social Directa e depois para os serviços que me enviaram a convocatória. Lá expliquei à senhora, o que se passava, contei-lhe qual era a minha doença, que iria começar os tratamentos, no dia 27 de Agosto e que me ia ausentar de Lisboa por 7 dias. A funcionária, foi muito simpática, penso que quando dizemos o nome da doença, imediatamente se abrem as portas da solidariedade, e assim foi ,vou ao exame médico amanhã à tarde, pelas 14.30, antes de apanhar o avião.
Resolvido este problema, lá fui à tarde levantar o TAC, tudo bem, à excepção de um quisto nos rins, mas a minha médica disse-me que não tem importância. A zona da mama operada, está um pouco inflamada, como o médico, que executou o TAC, já me tinha dito. Mas com o tempo vai ao sítio. A solução é colocar muito gelo. Hoje já coloquei 3 vezes e ainda não vai ficar por aqui. Depois fui fazer um ecocardiograma, tenho o meu coração a funcionar bem e uma ecografia pélvica, na qual o médico encontrou os meus miomas.
A seguir foi seguir para o HSM, para falar com a Dra. Joana. Assim o fiz, entreguei-lhe todos os exames, ela informou-me que a peça da operação já tinha seguido, "by air," para Paris e que tudo aponta para começar o tratamento no dia 27. Fiquei já com marcações de consulta e análises para 27 de manhã, a que se seguirá o 1º tratamento. Ainda falámos vagamente dos meus cuidados com a gripe A, quando iniciar a quimioterapia, segundo a médica devo tomar algumas precauções. Quem me deu hoje alguns conselhos sobre o assunto, foi a enfermeira Rita ( da Saudigest, empresa que acompanha os funcionários da Fundação Oriente no âmbito da Medicina no trabalho), tem sido uma jóia e vou seguir as suas recomendações.
As minhas oscilações de humor são variáveis, às vezes acordo muito bem disposta, mas basta durante o dia falar com alguém que me diz qualquer coisa, que me desperte para algum pensamento menos positivo para ficar logo a magicar na doença e no meu futuro e dos que me rodeiam.

Dia 19 - 17 de Agosto

Estou bastante activa sempre dentro das minhas limitações de colocar gelo várias vezes ao dia o que me obriga a estar deitada. De resto, tenho tratado de vários assuntos pendentes. Sinto-me bem, mas com muito medo do que vem a seguir, sobretudo dos efeitos da quimioterapia, se me vou sentir muito enjoada. Sobre isto tem obtido alguma informação na internet: -
  1. - http://www.msd.pt/content/patients/sua_saude/cancer/emese/emese.html;
  2. - www.pop.eu.com/, trata-se do portal da oncologia português, dispõe muita informação sobre este tipo de doenças;
Parecia que ia ser um dia calmo, enganei-me, cerca das 15.h ligou-me a minha medica oncologista, Dra. Joana Ribeiro, (tenho um feeling que nos vamos entender muito bem), a dizer que para ser mais rápido a minha inclusão no estudo, teria que ser eu a levantar parte da peça da cirurgia e entregar-lhe a mesma no HSM. Disse-lhe imediatamente, que o faria ou ainda hoje ou amanhã. Depois de desligar o telefone, foi ligar para os meus pais, para que eles viessem, fomos ao Hospital Luz, apesar de alguma demora com complicações administrativas, demosntrativas de alguma inexperiência, mas por fim lá apareceu o médico, muito simpático e eficiente e prontamente resolveu todos os aparentes anteriores entraves. De seguida fui ao IPO, recolher a minha cintigrafia óssea, parece que está tudo bem, não há sinais da doença nos ossos. Depois foi chegar ao HSM, fornecer o material recolhido à médica e dei por terminadas as minhas tarefas inerentes ao meu "estado clínico". Ainda fui à seguradora, entregar mais umas despesas de saúde, que espero que sejam as últimas, uma vez que agora já estou isenta de pagamento de taxas moderadoras e, como estou a tratar-me num hospital público, farei os exames por lá. Ao fim da tarde, foi tempo de estar com a minha amiga Isabel Saraiva e com as suas filhas Inês e Leonor, estivémos tão sossegadas em amena conversa de fim de tarde. Foi um dia um pouco cansativo mas estive distraída.

Dias seguintes - 15 e 16 de Agosto


Antes de reportar os meus dias, quero agradecer a todos os que vão vendo o meu blog e sobretudo a todos aqueles que tem deixado os seus comentários, mesmo para um anónimo que aqui chegou.
Hoje, dia 15 é um dia especialmente triste, faz um mês que a Rita morreu, penso e pensei durante este dia várias vezes nela. Que Deus ajude aqueles que estavam mais junto dela e que sentem tanto a sua falta. Especialmente aos filhos e marido. Não os conheço, mas ouvi falar deles através das palavras da Rita, ao longo de tantos anos na Fundação Oriente.
Durante, estes dias tratei preparar a minha viagem aos Açores, de aproveitar bem o fim-de-semana com o meu marido e aproveitei para visitar os meus primos e tia do Porto. Fomos ao Vimeiro visitá-los, levamos a Nónó e apareceram também os meus pais. Estava tudo a correr muito bem, até que a minha tia avó, já com 90 anos - bela idade - se sentiu mal, ficámos todos muito preocupados e teve de se chamar uma ambulância para a levar ao Hospital de Torres Vedras, onde ficou internada, durante uma noite.
Deixo-vos a todos os que entram no meu blog e que não me visitaram recentemente uma imagem minha. Ao meu lado, está a minha prima Ana.
No domingo foi dia de descanso, de manhã umas compritas porque precisamos de nos alimentar e também foi tempo de comprar umas prendas para os meus filhotes, não posso aparecer de mãos abanar. As crianças gostam sempre de uma prendinha. À tarde foi o descanso total, tempo de telefonemas, da Tia Teresinha, tão sozinha no Faial, a queixar-se das suas pernas e eu a recomendar que vá ao médico, a Maria Alice, uma antiga empregada da minha mãe que me meconhece desde muito pequena, é uma querida, tem sempre muito cuidado em querer saber de mim, a Sãozinha para saber como vai o meu animo, o meu compadre Miguel, também sempre tão cuidadoso, a minha amiga Isabel Mendão, sempre atentae querer acompanhar-me, etc.

Dia 18 - 14 de Agosto

Esta noite foi para esquecer, muito calor e pouco sono, mas muito cansaço, talvez porque hoje tenho de tomar uma decisão. O dia começou às 7.00 para fazer um TAC. Às 8.30 estava no IMI e às 9.00 estava despachada, faltando apenas falar com o médico. Vai dar-me o relatório no dia 19, mas perguntou-me qual era a minha patologia e quando tinha sido operada. Acha que tenho algum tipo de inflamação na mama. Vamos esperar pelos resultados.
À tarde voltei ao hospital, a médica esclareceu-me todas as dúvidas e em princípio vou entrar no estudo clínico proposto. Agora só falta saber se consegue em tempo útil a peça tumoral da operação para que a mesma possa viajar até Paris, para confirmarem se de facto o meu cancro é do tipo triplo negativo. Mais uma vez a médica informou-me que o meu tipo de cancro não é muito comum e como não é sensível ao tratamento com hormonas , torna este tipo com mais possibilidades de ter recidivas. Vamos ver. Entretanto, já ficou mais ou menos confirmado que o início o tratamento no dia 27 de Agosto.

Comentários

Obrigada a todos pelos vossos comentários, mensagens e aconselhamentos. Um especial para uma pessoa que nem me conhece, Isabel Costa, amiga do meu irmão. Obrigada pelo conselho e pela mensagem é sempre bom conhecer outros casos semelhantes aos nossos com sucesso.
Amigos e familiares ou mesmo desconhecidos, comentem o meu blog, mesmo que não o saibam fazer não se inibam. É importante receber as vossas mensagens e saber quem vê diariamente o meu blog.

Dia 17 - 13 de Agosto

Cá estou para mais uma dia, e mais novidades espero. Agora é que está prestes a iniciar a parte desconhecida da doença, estes malditos ou benditos tratamentos com químicos, como será que vou reagir, vou ficar enjoada, como é que vou encarar a queda do cabelo, e mais importante, a grande dúvida, vou ficar boa, sem esta maldita doença. Espero que sim, estou optimista, mas às vezes as dúvidas assaltam-me, muitas e muitas.
À tarde lá fui para o hospital, esperei algum tempo mas lá fui atendida pela Dra. Joana Ribeiro. Muito simpática, e muito atenciosa em relação à minha doença. Para além de me propor a quimioterapia e a radioterapia, propôs-me entrar num estudo clínico a nível internacional, com uma terceira terapêutica ( adicional) que está em fase de estudo. Lá me explicou o que era, é o medicamento da polémica, Avastin, quais os efeitos terapêuticos comprovados noutros cancros, efeitos secundários, muitos mas a maior parte raros e deu-me literatura sobre o caso num total de 18 páginas. Cheguei a casa, a primeira coisa que fiz foi jantar e ler toda essa literatura. Em seguida, comecei a bombardear com telefonemas, os meus conselheiros médicos, Sara, Zézinha e Jorge. Amanhá vou tentar ligar para o meu cirurgião. Entretanto, por indicação de um dos meus conselheirs, fui à procura de informação na internet e lá encontrei muita bibliografia sobre a temática, parece-me que toda ela muito favorável a esta terapêutica na minha doença. Os EUA já fizeram muitos estudos práticos, com doentes, há vários anos e parece que os resultados são positivos.
Amanhã vou ter que decidir. Tenho algumas dúvidas.
Hoje no hospital enquanto esperavamos encontrei uma amiga de infância, mãe e pai. Fez-me muita pena, porque a mãe está também com um carcinoma da mama, em estado bastante avançado, mas com uma enorme coragem. Fiquei espantada com a sua coragem é uma exemplo para mim e para tantas outras pessoas. Gostei muito de as ver.
Mais novidades, em principio começo o tratamento não na próxima semana mas a partir de de dia 24 de Agosto. .

Dia seguinte - 12 de Agosto

Tento fazer uma vida normal, mas ainda não consigo, tenho de me deitar várias vezes ao dia para colocar gelo no peito, que ainda está muito inchado e um pouco escuro. Mas vou fazendo algumas coisas. Tenho um defeito, não consigo estar sem fazer nada.
Hoje tive um telefonema da minha prima Sara a dar-me conta das informações da oncologia do Santa Maria, são boas as informações do serviço, director e respectivos médicos.
Estou com uma duvida, não sei se vou arranjar uma cabeleira ou colocar lenços na cabeça, durante a quimioterapia. A minha vontade vai para o lenço, mas a minha dúvida tem a ver com os meus filhos. As crianças chocam-se muito com a aparência dos doentes, eu própria lembro-me que quando era criança, de me chocar ao ver determinadas situações. Se me quiserem dar os vossos conselhos agradeço.
Estou a ouvir James Morrison e a escrever, a música "please don't stop the rain" é muito bonita mas triste.
Passei mais uma tarde com os meus pais que tem sido incansáveis, estão todas as tardes comigo. À noite vem cá a casa a minha grande amiga de infância a Zai.

Comentários de algumas amigas

Anabela Diniz - A Isabel é verdadeiramente uma Mulher muito Especial.


Obrigada Anabela. Mas é um exagero, sou uma pessoa normal como tantas outras, bjos.

Dia 16 - 11 de Agosto - novidade

Acabaram de me ligar do HSM, tenho consulta de oncologia no dia 13 de Agosto às 17.00. Boa, penso eu, vamos ver o que se chegue.

Dia 16 - 11 de Agosto

Mais um dia, mais uma ida ao hospital. De manhã, dirige-me ao IPO para fazer a Cintigrafia Óssea. Cheguei por volta das 11.15 e praticamente não esperei. Fui logo atendida por uma médica, amorosa, que me perguntou alguns dados da doença. Pedi-lhe para me fornecer o relatório, uma vez que não iria poder fazer os tratamentos de quimioterapia no IPO. Ela atendeu ao meu pedido. De seguida fui entregue à enfermeira, que me administrou o contraste radioactivo. Não senti nada, a sério não custa mesmo nada. Eram 11.25 estava despachada, podia fazer o que quisesse nas próximas duas horas, para além de ter que beber 1,5 l de água. Lá fomos, eu e os meus pais, para uma esplanada com vista para o IPO, li o jornal, fiz um sudoku completo, a radioactividade ainda não interferiu com a minha cabeça e memória. Bebi um chá e uma sopa, uma sobremesa e um café. À hora combinada, 13.25, estava novamente no edificio da Medicina Nuclear. Não voltei a esperar, deitaram-me no aparelho, mandaram-me tirar todas os metais, jóias e relógio e ,em seguida teria que me manter muito quietinha durante todo o exame. Assim o fiz, no fim de alguns minutos começei a ter uma vontade de coçar o nariz, mas tive de me controlar. No fim de 15 minutos ,aproximadamente, o exame estava terminado. Perguntei ao técnico, como estavam os meus ossos. Ele disse-me que, aparentemente tudo estava bem, mas que o relatório iria ser executado pela médica. Fiquei apenas aguardar pelo papel que permitiria levantar o exame, que me entregaram, logo depois. Na sala de espera estava uma mãe, muito nervosa, teria feito uma exame com filha de 4 anos e está à espera do diagnóstico, a enfermeira esteve a conversar com ela e ela dizia que é muito dificil aceitar que a sua filha está doente, eu meti-me na conversa e disse-lhe que também não é fácil nós estarmos doentes, porque quando temos filhos, também só temos uma pensamento: não fazer sofrer os nossos filhos que precisam tanto de nós. É sempre tudo muito dificil. Desejei-lhe que tudo corresse bem e ela também o desejou a mim.
Quando saí do hospital, resolvemos passar no HSM, para ver como está o meu processo. Falei com a administrativa, que me disse, que talvez não fosse possível cumprir o prazo de uma semana para me chamarem, dos 5 médicos existentes, 3 estão de férias. Estranho que com a falta de médicos existente, o mapa de férias seja gerido da mesma forma, como em qualquer outra empresa que não trata de saúde. Este país é muito estranho. De qualquer forma, a funcionária, muito delicada, ficou de falar com o médico e depois entrará em contacto comigo.
Quando cheguei a casa, a enfermeira Rita, tinha-me ligado. Liguei logo, mas ainda não tem qualquer notícia para mim sobre o HSM. Vamos ver se amanhã há mais novidades.

Dia 15 - 10 de Agosto continuação

A consulta na Reboleira, estava marcada para as 19.40, mas a secretária da unidade, informou-me previamente que eu telefonasse às 19.00 para ver se o médico estaria muito atrasado. Acabámos, eu e os meus pais, por só chegar à Clínica às 9.30, e ainda tinhamos 5 pessoas à frente. Fui atendida quase às 21.00. Confesso que estou muito farta de médicos e exames e ainda agora estou a começar. Ser doente em Portugal não é fácil, senão é verdade, olhem para o meu caso. O médico, muito atento, perguntou-me todos os meus antecedentes, se fazia ou não mamografias com regularidade, quando tinha feito a última antes de descobrir o nódulo, etc, e depois " passou a pente fino" todos os meus exames. Lá me explicou que o meu tumor por ter "pouca diferenciação basal " é mais complicado e desta forma não posso fazer uma terapia complementar com hormonas, só tenho ao meu dispor a quimioterapia e radioterapia. Por outro lado, um dos marcadores que deu negativo CK5, isso é positivo, segundo o médico .Expus-lhe a minha situação de estar à espera de uma resposta da HSM e da possibilidade de ir para a Reboleira, caso o HSM venha a falhar. Neste caso, ele diz que se conseguem cumprir todos os prazos dos meus tratamentos. Caso vá para lá ainda preciso de fazer uma hemograma, com contagem de plaquetas e um ecocardiograma. Não me deu os valores envolvidos na terapêutica, porque diz ele, só com todos os exames reunidos é que pode determinar ao certo o tratamento. Demorámos tanto tempo que deu tempo ao Eduardo para me ir ter lá e trazer-me para casa. Nestes momentos, em que ouvimos que o tumor tem determinadas características não tão positivas, começo logo a pensar no que me espera e assaltam-me todas as dúvidas ao mesmo tempo. É dificila gerir estes pensamentos.

Dia 15 - 10 de Agosto

Levantei-me muito cedo para arranjar uma consulta de recurso no centro de saúde. la estava as 7.30 da manhã, são os ofícios de quem não tem médico de família atribuído. Consegui a consulta para as 14.40. Hoje, meti na minha cabeça, que vou começar a tratar de inúmeras pequenas coisinhas que tenho de fazer e assim foi. Iniciei algumas tarefas, que vou continuar durante a semana.
A Raquel, vai tentar falar com a Dra. Leonor Mendes, do HSM, pediatra dos meus filhos e amiga dela, para tentar saber se conhece os médicos do HSM e se eventualmente lhes poderá falar directamente. A Zezinha ligou-me a dizer que os tratamentos no Amadora-Sintra só serão possíveis com uma autorização do Dr. Carlos Carvalho. Vamos ver se entretanto tenho notícias do HSM. À tarde fui à consulta do Centro de Saúde. Expus o meu caso ao médico, e ele confirmou-me que só será possível fazer a quimioterapia numa instituição convencionada - Reboleira, neste caso - caso o HSM ateste por escrito que não será possível fazer o referido tratamento em tempo útil. Já deixei outra consulta marcada para a próxima semana, caso seja possível tratar da papelada para a Reboleira. Amanhã também saberei qual o tempo útil que demora a serem autorizados os tratamentos na privada, com pagamento do SNS.
Hoje também fiz um contacto telefónico para um local que vende cabeleiras de cabelo natural, segundo as informações que obtive, podem ficar tal e qual o nosso cabelo, desde que a cabeleireira faça o nosso corte e coloque a nossa cor de cabelo. Vamos ver ainda não me decidi entre o lenço e a cabeleira. Vamos ver. As cabeleiras estão prontas na loja para venda.

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Jorge O Blog da Isabel está do melhor. Escreves muito bem, gosto muito e passei a ser seguidor.
Não sabia que chamavas o Francisco de Kiko. Fantástico.
Nós também adoramos o jantar no Bairro Alto.

Dias seguintes - 9 de Agosto

Ontem foi um dia agradável, apesar do meu marido ter ido trabalhar, passei o dia com os meus pais, que vieram ter comigo cerca das 12h, fomos almoçar ao Centro de Arte Moderna da Gulbenkian e à tarde fomos a casa da Nónó fazer uma visitinha. Quem lá estava era a Janet, que me ofereceu uma série de revistas, em inglês, para eu passar o meu tempo. Todos tem sido amorosos comigo. Quando cheguei a casa pus-me a fazer o jantar, pela primeira vez desde a operação, apeteceu-me cozinhar, jantei, falei ao telefone com o meu compadre Miguel e esperei pelo Eduardo que veio cedo.

Mais comentários

Colá - Olá Isabel. Li o teu blog. Não consegui enviar mensagem. Mas vou aprender. Já és uma vencedora. Tens gerido muito bem as emoções. Autoconsciência, capacidade de aceitação autoconfiança e vontade de triunfar. Dá sempre o teu melhor e vencerás. Obrigada pela tua partilha pensoem ti com orgulho jiins Colá.

Filomena
Olá Isabel!

O teu blog é uma óptima maneira de irmos sabendo o que se vai passando contigo e a evolução de todo este processo.
Não tenho querido incomodar-te porque acho que não deve ser fácil estar constantemente a falar deste assunto e a explicar tudo po que estás a passar.
Custa muito perceber pelas tuas palavras todos os detalhes, os trâmites, as certezas e incertezas.
Mas temos a certeza que tudo vai correr pelo melhor com o teu tratamento e aproveito para te enviar um grande abraço meu, do Jorge e do Martim.
E sabes que podes contar connosco para o que necessitares.

Com amizade,

Filomena





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Agradeço que experimentem para ver se esta coisa funciona.

Dias seguintes - 8 de Agosto

Ontem tive uma notícia triste, tenho uma amiga com a mesma doença que eu, falei com ela telefonicamente à tarde e vou tentar ajudá-la o mais que posso. Já lhe dei uma dicas sobre a necessidade de realizar uma ressonância magnética e de tentar saber quando é que o meu médico chega. Força amiga é preciso coragem por muito que custe, mas eu sei que vai ser capaz de ultrapassar este momento.
Hoje o dia foi bom, tive a companhia do meu irmão, cunhada e Carolina, a minha afilhada, que me fez um desenho, tão bonito.
Continuo a receber muitos telefonemas, recebi, entre eles uma informação importante. A São, minha prima, soube através da filha, que é medica e trabalhou no HSM, que os médicos oncologistas do Santa Maria são bons, pelo menos os dois Paulo Cortes e Luís Costa. Vamos ver o que me espera.
Hoje vou jantar com os amigos, mais precisamente os pais de um amigo do meu filho Kiko. São muito simpáticos e tem-nos dado toda a atenção. O jantar foi muito agradável, fomos para o Bairro Alto, passear como turistas. Os restaurantes estavam todos muito cheios, as ruas cheias de estrangeiros, sobretudo espanhóis, jantámos no Casa Nostra. É bastante bom para o género - restaurante italiano.
Em conversa com o Jorge, ele também acha que a pílula e todos os medicamentos com hormonas, fazem mal e criam esta patologia. É já a segunda opinião no mesmo sentido. Já a Rita também tem a mesma opinião. Estas não são opiniões infundadas, o Jorge tem formação em veterinária e a Rita, a mãe e irmã são enfermeiras.

Gosto desta frase - 2

"Temos de encarar as nossas realidades, pô-las debaixo do tapete não é boa ideia" autoria Teresa Paiva, uma das reféns de um assalto a um banco no ano passado. Esta frase diz muito e pode aplicar-se a todos nós.

Dias seguintes -7 de Agosto

Hoje não vai acontecer nada de muito especial. Mas já obtive duas informações importantes: a Isabel telefonou-me a dar muito boas referências do Dr. Costa Marques, médico oncologista na Reboleira. Acho que é um médico muito bom profissional e muito dedicado aos seus doentes. Vou à sua consulta na 2ª feira e vamos ver. É uma das hipóteses.
A enfermeira Rita, também me ligou, conseguiu saber que no Santa Maria provavelmente me chamam na próxima semana para uma consulta. Vamos ver o que se passa a partir de segunda-feira.
Fui jantar a casa da minha amiga Isabel Saraiva, lá estive entretida, com as filhas que são umas queridas, em especial a Inês, por quem tenho um sentimento especial, por ser minha afilhada. Estas amigas todas tem sido uns anjos da guarda, porque não tenho ficado sozinha.

Mais comentários

Claúdia -

Adorei ler as suas palavras e obrigada por as partilhar.

Espero que esteja bem e que hoje consiga ter evoluções positivas quanto à questão dos tratamentos… isto de facto é demais!

Fiquem bem e depois poderíamos ir ao tal sitio em Xabregas , não é pelos caracóis, pois tb. não gosto (aliás nunca comi) é pela sua companhia, pelas cervejitas e pelo sitio que disse que era castiço.

Um beijo e força.

Cláudia

Isabel Silva - "Segunda-feira é outro dia e vai-se caminhando ... com força e positivismo".

Comentários de algumas amigas

Isabel Silva - Sente-te acompanhada por mim que te visito todos os dias. Não consegui fazer comentários no teu blogue. Bjs
Anabela - Estou consigo isabel. SEMPRE! bJS

Janet, que me conhece desde que eu nasci e que é também amiga da minha madrinha:
Isabelinha: Estive a ler o seu blog e toda a sua odisseia tão grande e
aflitiva. Espero que se sinta mais confiante e cheia de boas
esperanças. Sempre lí que a disposição e um espirito bom e lutador é
muito importante. Tambem acredito que uma
dieta pobre em carnes e rica em fruita e legumes ajudam- A Comissão
Europeia Contra o Cancro dá esta indicação todos
os anos.

Estive a ler (no computador) a vida de Shirley Temple, que era a
estrela de cinema (em criança) mais famosa do mundo. A
minha mãe, e quantas outras, esforçava-se para por a filha a
parecer-se igual, sem exito nenhum! A Shirley. Temple foi operada
a um cancro da mama aos 44 anos. Depois foi embaixadora dos Estados
Unidos e tem levado uma vida muito util. Hoje tem
81/82 anos de idade. Esta era famosa, mas há milhões de outras que
superaram a doença e chegaram a velhas (e chatas!- como eu por ex.) A
cunhada da minha irmã é uma delas, hoje com 85.

Um grande abraço

Janet




Dia 14 - 6 de Agosto

Hoje está a ser um dia difícil. Ontem à noite tomei um Lexotan para dormir como um anjo, estava um pouco nervosa, com aquilo que me iam dizer. Dormi bem, acordei bem disposta, fui recolher a ecografia abdominal e lá fui para o IPO. À entrada perguntei logo o nome dos médicos que me iriam atender. Esperámos um pouco, mas à hora marcada fui atendida. Primeiro entrou o cirurgião, Dr. Fernando Orvalho. Simpático, tirou alguns documentos do meu dossier para fotocopiar. Entretanto, chamou o médico oncologista, que foi curto e grosso, sem qualquer jeito para comunicar com uma doente, disse-me abertamente que dado que eu tinha sido operada na privada, não teriam vaga para mim, que teria de fazer a quimioterapia no hospital da minha residência. Entrou, disse o que tinha a dizer e saíu. logo a seguir. A seguir voltou a entrar o cirurgião e radioterapeuta, esta disse-me que a minha radioterapia ficou marcada para 29 de Dezembro, muito sensivel e simpática. Eu estava bloqueada com aquela informação. Lá lhe s expliquei que fui operada na privada porque o IPO demoraria algum tempo, e como tal até poupei ao SNS e dei lugar a outro paciente. O cirurgião deu-me razão e sugeriu-me apresentar queixa junto da Direcção do hospital, para que eles se encarreguem de resolver este problema. À saída encontrei a assistente do Dr. Santos Costa, expliquei-lhe o que se passava, ela prontamente se encarregou de falar com a secretária do Dr. João Oliveira, director clínico da oncologia. Entretanto, falei coma Zézinha, para estudar as possibilidades de entrar no Amadora Sintra e fui ao HSM para dar entrada do meu processo A cantilena é a mesma dos outros hospitais, há alguns casos nesta situação, vão tentar marcar a consulta dentro de uma semana. Entretanto, à tarde liguei para a Clínica da Reboleira, para tentar marcar uma consulta para o oncologista da Reboleira. Também este hospital tem acordo com SNS, e caso o médico de família passe uma credencial, assinada pelo Director do Centro de Saúde e pelo director da ARS, será possível fazer o tratamento comparticipado. Este é um dia para esquecer o que vale é que vou jantar com a minhas amigas Isabel Mendão e Belinha.

Dia 13 - 3 de Agosto

Depois da consulta de sexta-feira, ficou combinado ir ter com o Dr. Santos Costa ao IPO na manhã do dia de hoje. Às 10.00, lá estava. Como a sua assistente estava no secretariado, dirige-me a ela, para que pudesse reunir o meu processo. Aguardámos pelo processo e pelo médico. Sempre na sua classe habitual e com o seu estilo muito próprio. Fui a 2ª paciente a ser chamada. Confrontei-o com a informação sobre o meu tipo de tumor, mas não obtive muitas respostas. Apenas me disse, que a terapeutica hormonal, no meu caso, não era possível, julgo que é também por isso que vou fazer quimioterapia. O receio dele em relação ao IPO, prende-se com o cumprimento de prazos, no entender dele devo fazer quimioterapia entre 4 a 6 semanas depois da cirurgia. Passou-me uma receita para a uma ecografia abdominal, marcou a consulta de confirmação terapêutica para quinta-feira e marcaram-me uma cintigrafia óssea para a próxima semana. Vamos ver que resposta me vão dar na quinta-feira em relação ao início dos tratamentos.

dia 12 - 2 de Agosto

Como não me conseguiram tirar o aparelho no bloco, hoje fui ter com a minha ginecologista, Dra. Paula ao hospital Amadora-Sintra. Lá cheguei pelas 10.30, fiz a minha inscrição e telefonei-lhe. Prontamente me atendeu. Mostrei-lhe todos os meus exames, é sempre bom conversar com mais um médico. Depois da conversa sobre a doença, lá fomos para o assunto do dia - tirar o aparelho. A médica bem tentou com variadas pinças, mas os fios estavam no interior, não se conseguia. O aparelho estava visivel no ecografo, mas os fios estavam lá dentro. A solução era voltar mais tarde, com 6 horas de jejum, e tentar com uma anestesia geral, correndo o risco de não se conseguir e ter de se marcar para outro dia, com outra técnica. Às 15 horas estava de volta ao hospital, preparam-me e lá fui eu para o bloco. Por estranho que seja estava mais nervosa do que para a cirurgia à mama, é muito estranho, mas as pernas tremiam-me imenso e eu não me conseguia controlar até iniciar o sono da anestesia. Correu bem, por que conseguiram tirar o maldito aparelho - Mirena.

Dia 11 - 31 de Julho de 2009

Hoje fui ao consultório do meu médico, estava uma pouco mais nervosa, porque sabia que seria hoje que teria conhecimento do resultado da anatomia patológica. E assim foi, o médico pediu-me para eu me despir, tirou-me o último penso que tinha, a cicatriz está fantástica. Quando me vesti, verifiquei de imediato pelo ar pensativo do Dr. Santos Costa, o que ele iria me dizer: tem de fazer quimioterapia mais radioterapia, eu já estava mais ou menos preparada. Não me explicou grande coisa sobre o tipo de tumor, apenas me disse que com a minha idade e visto eu não poder fazer medicação com hormonas teria de fazer 6 ciclos de quimioterapia, um em cada três semanas. Nestes momentos, fico sempre um pouco paralisada, não me lembro de grande coisa para perguntar ao médico, no dia seguinte começaram a surgir-me as dúvidas, porque o médico voltou a insistir comigo em fazer os tratamentos na privada, perguntou-me se eu teria algum sub-sistema de saúde, adse ou outro, para fazer os tratamentos na privada. Mas eu disse-lhe que preferia fazer os tratamentos no IPO. Nesse dia, ainda fui jantar com os meus pais a Belém, para que eu me distraísse, não estava muito " em baixo" estava como que anestesiada, é esquisito. Choveram mais uns quantos telefonemas. Neste dia, resolvi contar às minhas amigas Zai, Helena Brito e Paula. As 1as duas imediatamente me contactaram. Esta é uma doença que consegue captar por parte daqueles que gostam de nós uma imensa solidariedade e é necessária, nunca é demais, porque apesar disso, é tambem uma doença muito solitária. Quando cheguei a casa o meu querido marido estava também a chegar, para me dar todo o apoio durante mais um fim-de-semana.

Dias seguintes em casa

Cá estive meia inactiva, a colocar gelo sempre que podia, com algumas visitas e muitos telefonemas. Na segunda-feira tive de me deslocar ao Centro de Saúde para obter baixa, lá consegui ao fim de quase duas horas. Na terça-feira, fui ao consultório do Dr. Santos Costa. Tirou-me liquido da mama operada, mas não custou nada, tirou-me os pensos, que são insuportáveis, sobretudo os que estão por baixo das axilas, local em que não conseguimos fazer a higiene normal, por causa do maldito penso. Ficou apenas um penso muito fino sobre os pontos na mama. Tenho duas cicatrizes, uma nas axilas e outra na mama esquerda. Achou o meu peito inchado e deu-me ordem para colocar mais gelo. Este médico é muito simpático e sensível. Em casa já fui fazendo algumas coisas. Eu não sei estar parada, sem fazer nada. Os meus pais tem estado todos os dias comigo e tem -me sempre feito muita companhia.
Na quinta-feira dia 30, aconteceu uma coisa muito engraçada, a minha vizinha e amiga Rita Silva, descobriu o meu blog através do site do meu irmão, mas não sabia se era eu ou não, mas suspeitou, pensou que eu ainda não tinha sido operada, entrou em contacto com a irmã, enfermeira na Médis, amiga da minha prima Sara, e depois ligou-me. Mas eu descansei-a já tinha sido operada nessa altura. Tão querida veio buscar-me para eu me distrair, fomos até uma cervejaria especializada em caracois, ali para os lados de Xabregas, pelos vistos muito conhecida,mas não para mim, não sou grande apreciadora de caracois, mas o local é castiço.

Dias seguintes - na clínica

No 1º dia a seguir à cirurgia a minha cabeça estava muito tonta, só atendi alguns telefonemas, porque estava mesmo muito tonta. Era tudo efeito da anestesia. Mas à tarde desse 1º dia já estava muito melhor. Nos dois dias que ali estive, fui muito bem tratada, todo o pessoal da Clínica é fantástico, inclusive uma psicóloga, que veio várias vezes ao quarto, que conversou comigo e com os meus pais. Tudo correu muito bem. O médico nos dois dias que ali estive aparecia sempre à hora do almoço, estava tudo a correr bem. O peito um pouco inchado, mas tive apenas de começar a usar soutien e não o tirar para dormir e colocar gelo, quanto mais tempo e mais vezes melhor. Na sexta-feira à tarde, depois do almoço, já estava em casa. Neste tempo choveram os telefonemas, familiares amigos e algumas visitas no hospital a Isabel Mendão, uma querida apareceu com as filhas e tudo e a minha prima Sara que foi lá duas vezes, é outra querida. Tem-me apoiado muito .

Dia 10 - 22 de Julho - dia da operação

Tomei um Lexotan para dormir na noite anterior e acordei cheia de energia para o que ia acontecer. Não estava nervosa. Já tive várias vezes no bloco operatório. Uma operação não me assusta, tento dominar os nervos ao máximo e às vezes consigo. Assim foi, às 12h dava entrada na Clínica de Santo António. Escolhi o tipo de quarto e tratei de toda a burocracia associada. Entrei, vesti a minha camisa de dormir e o meu robe, conforme ordem da assistente da enfermeira. Deram-me dois microlaxes, e, por meia hora, estive na casa de banho a esvaziar os instestinos. Entretanto, chegou o meu irmão e a minha cunhada Teresa que me acompanharam neste dia. E mais tarde apareceu a Belinha, tem sido fantástica, telefonou-me várias vezes e foi-me visitar na sua hora de almoço. É uma amiga de infância, que agora reencontrei e tem sido impecável. Espero que agora o nosso futuro nos cruze mais vezes. É tão bom saber que alguns amigos, mesmo os mais antigos, aqueles com os quais não estivémos nos últimos anos, se voltam a reencontrar connosco.
Por volta das 15 horas entrava para o bloco. Voltei ao quarto por volta das 18h. Logo que acabou a cirurgia, ainda no recobro, o médico veio ter comigo e disse-me que tinha corrido bem, que os tumores estavam localizados e que os gânglios estavam limpos. Chegada ao quarto vomitei e senti-me muito nauseada. É normal nestes casos, por causa da anestesia. O médico ainda passou mais duas vezes no quarto nessa noite. Só me deixaram levantar já era de madrugada.

Gosto desta frase

Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos" Friedrich van Schiller

Dias seguintes

No dia seguinte à consulta enviei mensagens a todos aqueles que me tem vindo acompanhar, e que são muito importantes, tanto familiares, dos dois lados, meus e do Eduardo, como os amigos, tem chovido telefonemas de muitos e muitos amigos, alguns com quem eu já não falava há alguns anos. Espero ter oportunidade de falar deles, que são muitos. Foi também a pensar neles que fiz este blog, espero é que venham a fazer muitos comentários. Concentrei-me nos meus filhos, que estavam cá em Lisboa até ao dia 15 de Julho, nos exames que ainda tinha de fazer, apenas uma análise ao sangue e um rx ao torax. O resto estava pronto. No dia 16 de Julho era finalmente operada a Nónó e nestes dias o meu enfoque era para ela. A minha prima São, veio do Porto, para me acompanhar no dia da operação. Tudo correu bem, acabou por ficar uma noite no Hospital e no dia seguinte foi para casa, estava óptima. Os restantes dias que me restavam até ao dia D, foram divididos em dar atenção à minha madrinha que bem o merece e concentrada no meu trabalho, tinha que deixar tudo minimamente organizado. No dia 15 de Julho aconteceu um evento muito triste, a Rita Macedo, uma pessoa que eu tanto admirava, morreu da mesma doença que eu tenho, não foi fácil, chorei muito, se havia pessoa que não merecia morrer era a Rita, com tanta vitalidade, mesmo já bastante doente. Nunca me vou esquecer dela, é das pessoas mais fantásticas que conheci na minha vida profissional, e pensando bem, acho que aprendi tanto com ela. Só tive pena de não termos ficado mais próximas , quando ela saíu da Fundação.

Dia 9 - 10 de Julho

Quem me dera que o dia passasse rápido, como uma flecha, para chegar às 20.00, hora marcada para a consulta. E assim foi, chegou. Não fui atendida a essa hora, talvez uma hora depois.Tinha tudo aquilo que queria perguntar na minha agenda. Expliquei-lhe como cheguei ali e que sobretudo que não iria conseguir esperar pela lista de espera do IPO. Ao que o Dr. Santos Costa, se lamentou porque o serviço público não consegue responder à pressão dos doentes que ali chegam todos os dias. Explicou-me os passos da cirurgia, a técnica do gânglio sentinela, a possibilidade de uma margem de erro de 30% da técnica, que só seria verificada depois em laboratório pela anatomia patológica. Os tratamentos eventuais que teria de fazer, quimioterapia e radioterapia. A 2ª era certa, a 1ª talvez. A radioterapia é feita durante 6 semanas. E ainda sobre a cirurgia, ele equacionou a hipotese de não conseguir conservar a mama, mas que se isso viesse acontecer, deixariam já tudo pronto para a reconstrução. Este médico é fantástico, de uma simpatia e delicadeza comigo e julgo que com todas as doentes. A cirurgia ficou marcada para o dia 22 de Julho, teria de estar às 12h na Clínica da Reboleira. Para mim a cirurgia podia ser já amanhã, fiquei bastante mais aliviada por ter este assunto tratado e arrumado numa canto do meu cerebro.